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Longa brasileiro “Sem Coração”, destaque no Festival de Veneza, estreia na França antes do Brasil

O primeiro longa-metragem da dupla Nara Normande e Tião, que representou o Brasil no 80° Festival Internacional de Cinema de Veneza, estreia nesta quarta-feira (10) na França. “Sem Coração”, uma coprodução entre Brasil, França e Itália, chega aos cinemas franceses uma semana antes do Brasil, onde será exibido a partir de 18 de abril.

Cena do filme "Sem Coração"
Cena do filme "Sem Coração" © Divulgação
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A revista francesa especializada Les Inrocks escreve que o filme acontece “entre um cenário de sonho e a dura realidade social” brasileira. Télérama complementa dizendo que “em um estranho ambiente de mistério, entre palmeiras e piscinas abandonadas, a luz e a descoberta dos corpos triunfam". Mas essa “beleza selvagem do sertão (sic) e volúpia, encobrem violência e homofobia”, diz a revista francesa.

Para o Le Monde, “Sem Coração é uma obra na fronteira com o fantástico”. Criticando alguns “excessos do filme”, a matéria do jornal relativiza apontando que o longa “nos envolve em uma doce melancolia, tendo como pano de fundo a corrupção”.

Cena do filme "Sem Coração".
Cena do filme "Sem Coração". © Divulgação

No 80° Festival Internacional de Cinema de Veneza, realizado entre 30 de agosto e 9 de setembro de 2023, a obra foi muito aplaudida, conquistou o púlbico, mas não levou nenhum prêmio.

“Sem Coração” se passa nas paradisíacas praias de Alagoas, em 1996, mesmo ano em que Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor, foi assassinado. O longa acompanha o último verão da personagem principal, Tamara, no vilarejo de pescadores onde mora, antes de se mudar para Brasília para estudar.

Inspiração autobiográfica

Em entrevista à RFI em agosto de 2023, antes de embarcar para Veneza, os diretores contaram que a obra tem inspiração autobiográfica. Ela é baseada em fatos da vida de Nara Normande, que é natural de Alagoas. Tamara, uma adolescente de 14 anos, sente uma atração crescente por uma menina misteriosa, apelidada de “sem coração” por causa de uma cicatriz que tem no peito.

Os diretores de "Sem Coração", Tião e Nara Normande, em entrevista à RFI.
Os diretores de "Sem Coração", Tião e Nara Normande, em entrevista à RFI. © Tatiana Ávila

O filme chega às telas de cinema quase dez anos depois do início do processo de criação. “Começamos a escrever o roteiro em 2016, então são muitos anos de trabalho. E tivemos que interromper as filmagens algumas vezes, por conta da redução de recursos e da pandemia de Covid-19", revela a diretora Nara Normande.

Ela acredita que os espectadores irão se identificar, já que a trama fala de um momento comum a todos, que é a adolescência. “Cada pessoa teve uma infância diferente, mas existe um diálogo universal, apesar do filme ser totalmente brasileiro e do Nordeste”, avalia.

 

“Tem coisas muito particulares tanto do Brasil, quanto de Alagoas, que é um lugar ainda pouco visto no cinema, mas estamos animados para que as pessoas conheçam essa região através das nossas lentes, do nosso olhar. Mas também achamos que [o filme] tem uma conexão grande com questões universais, de descobrimento, crescimento, tomada de consciência, de realidade, violência e amor”, completou Tião.

 

*Clique na imagem principal para assistir à entrevista dos diretores de "Sem Coração", Nara Normande e Tião, à jornalista Tatiana Ávila, em agosto de 2023.

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