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Levante ganha prêmio de melhor filme no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz

A 32ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz foi encerrada nesta sexta-feira (29), com a cerimônia de premiação dos vencedores. O Brasil teve dois filmes recompensados, entre eles o grande vencedor da noite, Levante, que levou o prêmio Abraço de melhor longa-metragem de ficção.   

A cineasta brasileira Lilla Halla recebe o prêmio Abraço pelo filme de melhor longa-metragel de ficção no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz.
A cineasta brasileira Lilla Halla recebe o prêmio Abraço pelo filme de melhor longa-metragel de ficção no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz. © Maria Paula Carvalho/ RFI
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Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Biarritz

De acordo com os jurados, Levante mereceu ganhar especialmente pela “alegria e sensualidade com que  trata de um tema muito importante da atualidade”.  

Ao subir ao palco para receber o prêmio por seu primeiro longa-metragem, a diretora paulista Lilla Halla disse estar "aliviada". Ela agradeceu em nome de todas as mulheres e destacou a importância da discussão sobre a descriminalização do aborto no Brasil. “Não existe filme que não seja político”, disse, destacando que era uma coroação por oito anos de trabalho.  

Levante, que ainda não foi exibido no Brasil, conta a história de uma jogadora de vôlei que fica grávida às vésperas de um campeonato decisivo para a sua carreira, levantando a discussão sobre a interrupção da gravidez.  

“Estou muito feliz e honrada com esse prêmio, por poder ampliar a distribuição do filme”, disse Lilla Halla em entrevista à RFI Brasil após a premiação. “Isso significa que a gente vai poder levar as vozes que esse filme carrega para mais longe. Eu recebo o ‘Abraço’ de Biarritz com muito carinho e levo esse prêmio, que pesa uns sete quilos, de volta para a gente celebrar”. 

A diretora de Levante, Lilla Halla, com o prêmio Abraço de melhor longa-metragem no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz.
A diretora de Levante, Lilla Halla, com o prêmio Abraço de melhor longa-metragem no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz. © Maria Paula Carvalho/ RFI

O filme é uma coprodução Brasil, Uruguai e França. Nos dois últimos países, aborto é um procedimento legal, enquanto no Brasil o tema está em discussão no Supremo Tribunal Federal. 

“É um filme sobre corpos e sobre as possibilidades de as mulheres decidirem pelos seus próprios caminhos, da maneira que escolherem”, acrescenta Halla. “Eu chamo de ‘corpas’, porque são corpos dissidentes, não hegemônicos e porque são corpos políticos”, explica. “O nosso Levante é alegre, o nosso levante é coletivo e não tem medo”, finaliza. 

Menção especial documentário 

“A Invenção do Outro”, do cineasta brasileiro Bruno Jorge, ganhou uma menção especial na categoria documentário. O prêmio é atribuído pelo grupo France Médias Monde, parceiro do festival de Biarritz.  

O filme acompanhou, em 2019, uma arriscada expedição da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) em busca de um grupo da etnia Korubos, indígenas isolados e vulneráveis, em seu primeiro contato com o homem branco. A expedição era dirigida por Bruno Pereira, indigenista que seria posteriormente assassinado na mesma região, em 5 de julho de 2022, e se tornaria um símbolo da luta pela preservação dos povos indígenas.   

Bruno não estava presente na cerimônia de encerramento. Em entrevista à RFI Brasil na quarta-feira (27), ele disse que estava “muito feliz, de poder compartilhar com outras pessoas uma experiência tão forte”. Ele descreveu o encontro com os indígenas Korubos como “um momento muito tenso, muito ambíguo e complexo”. “Como artista, eu colaboro ao trazer a experiência do confronto com essa realidade”, acrescentou. 

Outros ganhadores 

O prêmio France Médias Monde de melhor documentário foi dado a "Adieu Sauvage", de Sergio Guataquira Sarmiento, uma coprodução entre a Bélgica e a Colômbia sobre a comunidade autóctone dos Cacuas.  

O prêmio do público de melhor documentário foi atribuído ao mexicano “El Eco”, de Tatiana Hueza. O filme mostra crianças que cuidam de ovelhas numa terra atingida pela seca e pelo gelo. 

O prêmio de melhor curta-metragem foi destinado a Takanakuy, de Vokos, do Peru, que se passa numa comunidade tradicional dos Andes durante um festival anual.    

O longa-metragem “El Castigo”, de Matias Bize, uma coprodução entre o Chile e a Argentina, ganhou o prêmio de melhor longa-metragem de ficção atribuído pelo público. 

O prêmio dos críticos especializados foi para "Los Colonos", de Felipe Galvez, uma coprodução entre Chile, Argentina e França.

O prêmio de melhor interpretação foi para o ator argentino Alfonso Tort, pelo filme “Un Pájaro Azul”, de Ariel Rotter, sobre um casal e a descoberta de que terão um filho. 

A cerimônia de encerramento  aconteceu na Gare du Midi, antiga estação de trens e que recebe parte da programação do festival, juntamente com o Cassino de Biarritz. 

O filme escolhido para a sessão de encerramento foi o El Rapto, uma coprodução Argentina-Estados Unidos, dirigido por Daniela Goggi. Na Buenos Aires dos anos 1980, o personagem Julio Levy retorna do exílio político para assumir um cargo na empresa da família quando seu irmão é sequestrado. 

Os filmes premiados serão exibidos neste sábado (30). 

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