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Dupla de brasileiros está na disputa da mostra paralela de filmes em realidade virtual de Cannes

Fabito Rychter e Amir Admoni estão na competição da mostra Cannes XR/Veer Future Award do Mercado do Filme do Festival com ”Lavrynthos”. Dezoito filmes em realidade virtual estão na disputa e os vencedores serão conhecidos na noite deste domingo (22).

"Lavrynthos" (Labirintos) dos brasileiros Fabito Rychter e Amir Admoni é baseado no mito do Labirinto e o Minotauro.
"Lavrynthos" (Labirintos) dos brasileiros Fabito Rychter e Amir Admoni é baseado no mito do Labirinto e o Minotauro. © Divulgação
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O título “Lavrynthos” é uma referência à pronúncia da palavra labirintos em grego. A aventura imersiva de 20 minutos aborda com muito humor e de uma forma contemporânea o mito grego de três mil anos do labirinto e do Minotauro. 

Ele é o único filme em realidade virtual latino-americano na disputa. O formato vem ganhando a cada dia mais espaço nos principais festivais de cinema do mundo. Em Cannes, a mostra existe há cerca de cinco anos. “É um orgulho muito grande representar nosso continente”, diz Fabito Rychter.

“Labirintos” usa a realidade virtual para colocar o espectador no centro do labirinto para viver a aventura de uma relação improvável entre o Minotauro e uma menina, chamada Cora. “O nosso Minotauro, a gente imaginou um ser patético, magrelinho, que clama para sair desse labirinto”, conta Amir Admoni. 

A personagem da vítima também foi atualizada. “Nossa protagonista, a Cora, ao invés de ser uma vítima do Minotauro, ela que foi educada a vida inteira para isso, quer ser devorada pelo Minotauro”, completa. Os dois chegam a um acordo. Ela tira o Minotauro do labirinto em troca de ser devorada por ele na saída e a história entre eles começa.

Tragédia grega

A dupla fez uma pesquisa tecnológica em busca de “espaços não euclidianos” para realizar o novo projeto e redescobriu o mito do Minotauro. “Que lugar melhor para testar essa tecnologia do que um labirinto?, pergunta Amir Admoni. 

“O anfiteatro grego é o lugar onde surgiu a técnica narrativa que a agente usa hoje em dia. Representar o primeiro lugar onde começou a dramaturgia com o meio mais moderno que existe hoje em dia, que é a realidade virtual, é como se estivéssemos completando um ciclo”, acredita Fabito Rychter.

Fabito Rychter e Amir Admoni diretores de "Lavrynthos".
Fabito Rychter e Amir Admoni diretores de "Lavrynthos". © RFI/Adriana Brandão

Tecnologia de realidade virtual

A produção e realização de “Lavrynthos”, feita em 2020, demorou cinco meses. Tudo é digital e a animação foi feita com a tecnologia “motion capture”. Mas como a realidade virtual é uma tecnologia recente, a linguagem do formato ainda está sendo desenvolvida. “A gente vai apreendendo enquanto faz. Essa é a maior dificuldade. Quando você escreve uma obra para a realidade virtual, você não tem ideia se vai funcionar ou não”, relata Fabito Rychter. Amir Admoni ressalta que a produção de uma obra nesse formato não segue uma “linearidade”, ela mistura todas as etapas – roteiro, pré-produção e produção, no mesmo momento.

Outra dificuldade é o acesso dos espectadores, mas o mercado está se ampliando rapidamente. “Quando a gente lançou o nosso primeiro filme, ‘Gravidade’ em 2020, havia um milhão de óculos vendidos no mundo inteiro. Agora, dois anos depois já são mais de 10 milhões. Está crescendo muito rápido e a gente está deixando de ser uma coisa de nicho para virar mainstream”, avalia Rychter.

“Lavrynthos”, que também foi selecionado para o Festival NewImages de Paris e para o croata Anima Fest, disputa na mostra paralela de Cannes dois prêmios: o de Melhor Narrativa e Obra Interativa, no valor de US$ 1.000 cada. Os vencedores entre os 18 filmes de realidade virtual serão revelados na noite deste domingo.

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