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Drama familiar de Arnaud Desplechin é o primeiro filme francês a entrar na competição em Cannes

Mais dois filmes entram na competição oficial do 75° Festival de Cannes nesta sexta-feira (20): “Boy From Heaven” (Menino do Paraíso), do cineasta sueco de origem egípcia Tarik Saleh; e “Frère et Soeur” (Irmão e Irmã) de Arnaud Desplechin que é o primeiro dos quatro filmes franceses selecionados a entrar na disputa pela Palma de Ouro. Outra exibição marcante do dia será “Three Thousand Years of Longing”, do diretor australiano George Miller, fora da competição.

Cena do filme frère et sœur, de Deplechin.
Cena do filme frère et sœur, de Deplechin. © Shanna Besson
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O longa francês “Frère et Soeur”, de Arnaud Desplechin, é o primeiro dos quatro filmes franceses selecionados a entrar na disputa pela Palma de Ouro, estrelado por Marion Cotillard. O filme conta a história de uma atriz, Alice, e seu irmão, Louis, professor e poeta, interpretado por Melvil Poupaud.

Os dois se odeiam, não se veem há mais de 20 anos e se reencontram no enterro dos pais. Eles nem se lembram mais direito por que se detestam – o ódio estruturou e destroçou a família. 

Arnaud Desplechin assina com “Frère et Soeur” um novo drama sobre as neuroses familiares, que já tinha inspirado seu “Um Conto de Natal”, de 2008. O cineasta participa com frequência de Cannes. O último longa é o sétimo de sua autoria selecionado no festival, em várias mostras, mas ele nunca foi premiado no evento até agora. 

Ele contou à imprensa francesa que escreveu “Frère et Soeur” depois da receptividade fria do público e da crítica de “Roubaix, une lumière”, que concorreu à Palma de Ouro em 2019. “Eu estava muito infeliz porque os críticos não tinham entendido meu filme. Foi terrível e comecei a escrever ‘Irmão e Irmã”, disse ao canal BFMTV.

Thriller político-religioso

“Boy From Heaven”, de Tarik Saleh, é um thriller político-religioso. Depois de ter tentado dissecar o início da revolução egípcia em “Cairo Confidencial”, de 2017, o cineasta volta ao Egito para, desta vez, abordar as disputas políticas e religiosas na maior universidade do país. 

Cena do filme Walada Min al Janna
Cena do filme Walada Min al Janna © Atmo Righs AB

Adam, filho de um pescador, consegue entrar na Universidade do Cairo, uma das instituições de ensino do Islã sunita de maior prestígio no mundo. A morte inesperada do Grande Imã no seu primeiro dia de aula e a briga pela vaga na direção da instituição envolvem Adam, interpretado por Tawfeek Barhom, nas intrigas de poder da elite egípcia. É a primeira vez que Tarik Saleh concorre à Palma de Ouro.

O tapete vermelho mais espetacular desta sexta-feira sera provavelmente o da equipe de “Three Thousand Years of Longing” (Três Mil Anos de Esperando), do cineasta australiano George Miller, fora da competição. O longa, estrelado por Tilda Swinton, é uma história de gênio da lâmpada, baseada em um conto de A.S. Byatt, de 1994.

Cena do filme “Three Thousand Years of Longing”, de George Miller.
Cena do filme “Three Thousand Years of Longing”, de George Miller. © 2022 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved/ festival-cannes.com/fr/press.

A personagem principal, Alithea Binnie, está em Istambul quando encontra um gênio, interpretado por Idris Elba. Como nas « Mil e Uma Noites », ele propõe satisfazer três pedidos dela em troca da sua liberdade. Mas Alithea sabe que histórias desse tipo acabam quase sempre mal e conta ao gênio seu passado extraordinário. Ele é seduzido pelo relato e ela acaba fazendo um pedido surpreendente.

George Miller quis filmar essa história porque ela “explora vários mistérios e paradoxos da existência”. O diretor, vencedor de um Oscar, tem consciência de que “Three Thousand Years of Longing” vai dar uma imagem muito diferente de sua carreira, marcada entre outras obras, pelo thriller pós-apocaliptico Mad Max: Estrada da Furia, de 2015.

Documentário póstumo sobre Mariupol bombardeada

Nessa quinta (19) e sexta-feira, a exibição de “Mariupolis 2”, documentário póstumo do diretor lituano Mantas Kvedaravicius, fora da competição, foi um momento de muita emoção. O filme sem narração ou música revela a vida sob as bombas na cidade portuária ucraniana sitiada, pelas tropas russas. 

Cena de “Mariupolis 2”, documentário de diretor lituano morto na guerra na Ucrânia.
Cena de “Mariupolis 2”, documentário de diretor lituano morto na guerra na Ucrânia. © festival-cannes.com

O cineasta, que havia realizado “Mariupolis” em 2016, tinha voltado à Ucrânia no início da guerra, para reencontrar os personagens do seu primeiro documentário. Ele filmou, durante alguns dias no final de março, o dia a dia de um grupo de pessoas refugiadas no subsolo de uma igreja evangélica. Ao redor do local, muita destruição. Pela janela, ele filma a cidade alvo de um bombardeio intenso. O barulho das bombas é incessante e amedrontador.

Mantas Kvedaravicius morreu quando tentava deixar Mariupol, vítima do ataque das forças russas. A companheira dele conseguiu deixar a Ucrânia com as imagens que foram exibidas em Cannes. O documentário é um copião, um documento bruto das cenas filmadas pelo cineasta, e teria sido muito mais impactante se tivesse sido editado. Mas a pressa era grande para exibir as imagens em Cannes para denunciar a invasão russa na Ucrânia, como o evento tem feito desde a cerimônia de abertura, marcada pelo discurso do presidente Zelensky.

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