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Estudo encontra bactérias resistentes a antibióticos em nuvens

Bactérias resistentes a antibióticos foram descobertas até nas nuvens, viajando com o vento, às vezes por distâncias muito longas, revelou um estudo franco-canadense, publicado na revista Science of The Total Environment.

O Puy de Dôme, vulcão adormecido no centro da França, onde foram coletadas amostras para estudo que comprova presença nas nuvens de bactérias resistentes a antibióticos.
O Puy de Dôme, vulcão adormecido no centro da França, onde foram coletadas amostras para estudo que comprova presença nas nuvens de bactérias resistentes a antibióticos. Frédéric Lécuyer
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"Essas bactérias geralmente vivem nas folhas ou no solo", explicou Florent Rossi, principal autor do estudo, em entrevista por telefone à AFP na sexta-feira (28). "Descobrimos que são levadas pelo vento para a atmosfera e que podem percorrer longas distâncias, e até cruzar o globo em grandes altitudes graças às nuvens", ele acrescenta.

Para chegar a essas conclusões, pesquisadores da Universidade Laval, em Quebec, e da Universidade francesa Clermont Auvergne coletaram amostras usando "aspiradores" de alta velocidade das nuvens que se formaram acima do Puy de Dôme, um vulcão adormecido no centro da França. As coletas foram realizadas entre setembro de 2019 e outubro de 2021.

Da estação de pesquisa atmosférica, situada a 1.465 metros de altitude, os cientistas analisaram essas amostras em busca de genes resistentes a antibióticos. Como resultado, as nuvens continham entre 330 e mais de 30 mil bactérias por mililitro de água, chegando a uma média de cerca de 8 mil bactérias por mililitro. Também foram identificados 29 subtipos de genes de resistência a antibióticos nas bactérias.

Com o uso generalizado de antibióticos na área da saúde, mas também na agricultura, esse tipo de cepa representa um "grande desafio para a saúde em escala global", indica o estudo.

Em diversas ocasiões, as autoridades sanitárias mundiais têm destacado os riscos associados a essas bactérias, que tornam cada vez mais complexo o tratamento de certas infecções.

Bactérias ambientais

O estudo, no entanto, não oferece conclusões sobre os efeitos potenciais para a saúde da disseminação aérea de bactérias portadoras de genes de resistência a antibióticos, estimando que apenas de 5% a 50% desses organismos podem estar vivos e potencialmente ativos.

"A atmosfera é um ambiente muito hostil para as bactérias, e a maioria das que encontramos eram bactérias ambientais", com menor probabilidade de serem prejudiciais aos seres humanos, afirma Florent Rossi.

“Portanto, não há nada a temer ao caminhar na chuva”, continua ironicamente o pesquisador, acrescentando que “não sabemos se esses genes podem ser transmitidos a outras bactérias”.

A monitorização atmosférica aprofundada poderá, no entanto, permitir localizar a proveniência destas bactérias e assim “limitar sua dispersão”, sugere o cientista, tomando como exemplo as análises de águas residuais destinadas a detectar a presença da Covid-19 e outros agentes patogênicos.

(Com informações da AFP)

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