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EUA, sul da Europa e África devem se preparar para aumento de casos de dengue, alerta a OMS

A dengue se tornará uma grande ameaça no sul dos Estados Unidos, no sul da Europa e em novas partes da África nesta década, disse o cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jeremy Farrar, à medida que as temperaturas mais altas criam condições propícias à propagação dos mosquitos portadores da doença.

Mosquito tigre (Aedes albopictus) transmite a dengue em países de clima temperado, como a França.
Mosquito tigre (Aedes albopictus) transmite a dengue em países de clima temperado, como a França. EID Mediterranee/AFP/File
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos que as pessoas podem contrair até quatro vezes na vida, e causa cerca de 20 mil mortes por ano no mundo. As taxas de incidência já aumentaram oito vezes em todo o planeta desde 2000, em grande parte devido às alterações climáticas, ao aumento dos movimentos populacionais e à urbanização.

“Precisamos falar sobre a dengue de forma muito mais proativa”, disse Jeremy Farrar, à Reuters. “Precisamos realmente preparar os países para lidar com a pressão adicional que irá se exercer sobre muitas grandes cidades no futuro.”

Jeremy Farrar acrescentou que a doença infecciosa provavelmente “decolará” e se tornará endêmica em partes dos Estados Unidos, Europa e África, à medida que o aquecimento global espalha as áreas hospitaleiras para os mosquitos. “Os cuidados clínicos são realmente intensivos e requerem uma alta proporção de enfermeiros por pacientes”, disse ele. “Estou muito preocupado em ver este problema crescer na África Subsaariana.”

Uma prevenção adequada incluiria planos de triagem nos hospitais, planejamento urbano – para evitar áreas de água parada perto ou dentro casas – e inovação científica, acrescentou. “Precisamos combinar diferentes setores que não estão acostumados a trabalhar juntos”, salientou Farrar.

Paris tem operação inédita contra mosquito

Na Europa, a França é um exemplo atual dessa expansão da dengue, com o aumento da presença do mosquito “tigre”, como é conhecido o Aedes albopictus, transmissor da doença, em países de clima temperado. Em setembro – no fim do verão europeu – a Agência Nacional de Saúde realizou, pela primeira vez, uma operação contra os mosquitos em Paris e Colombes, na região parisiense.

Casos de dengue têm sido registrados todos os anos desde 2018 no país, observou a epidemiologista Hélène Cecilia, em entrevista à RFI em setembro. “Contrariamente ao Aedes aegypti, comum nos países tropicais, o mosquito tigre tem a capacidade de, no inverno, colocar os seus ovos em estado de dormência. Isso faz com que ele consiga se instalar em lugares mais frios”, explica a especialista.

A epidemiologista lembrou que a transmissão da doença ocorre pelo mosquito, não entre humanos. “A grande maioria dos casos é importada de franceses que retornam de outros países. O risco é que essas pessoas infectadas contaminem os mosquitos que estão circulando mais, e eles então contaminem mais pessoas”, afirmou. “Os casos graves de dengue são raros, mas como não estamos acostumados, devemos prestar atenção”, ressaltou.  

Bangladesh enfrenta pior epidemia de dengue da história

No sul asiático, Bangladesh enfrenta a pior epidemia da doença no país, que já matou mais de 1.000 pessoas desde o início do ano, segundo dados oficiais. O Ministério da Saúde do oitavo país mais populoso do mundo informou que 1.006 pessoas morreram em 2023, entre 200 mil casos confirmados. Cerca de 10% dos mortos eram crianças com menos de 15 anos.

A OMS enviou especialistas para Bangladesh e ajuda as autoridades a reforçarem a vigilância, aumentar a capacidade laboratorial e melhorar a comunicação com as comunidades afetadas.

O ex-diretor dos Serviços de Saúde de Bangladesh Be-Nazir Ahmed afirmou que o número de mortes é superior ao de todos os anos anteriores combinados desde 2000. "Trata-se de um acontecimento sanitário de grande magnitude, tanto em Bangladesh quanto no mundo", declarou à AFP.

Bangladesh registra casos de dengue desde a década de 1960, mas em 2000 sofreu sua primeira epidemia de dengue hemorrágica. A doença causa febre alta, vômito, náusea, dor de cabeça e, em casos mais graves, hemorragias que podem levar à morte.

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