Acessar o conteúdo principal

Nobel de Medicina premia pesquisas sobre RNA mensageiro, usadas em vacinas contra Covid-19

A bioquímica húngara Katalin Karikó, 68, e o pesquisador americano Drew Weissman, 64, são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2023, anunciado nesta segunda-feira (2) pelo Instituto Karolinska. Os dois cientistas foram recompensados pelas suas pesquisas sobre o RNA mensageiro, que possibilitaram o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19. 

O americano Drew Weissman e a cientista Katalin Kariko, laureados do Nobel de Medicina de 2023
O americano Drew Weissman e a cientista Katalin Kariko, laureados do Nobel de Medicina de 2023 © AP - Business Wire
Publicidade

Os pesquisadores, que estavam entre os favoritos, foram premiados por "suas descobertas sobre as modificações das bases de nucleicas que permitiram o desenvolvimento de vacinas de RNAm, eficazes contra a Covid-19", diz o comunicado da fundação. "Esse desenvolvimento ocorreu em um ritmo sem precedentes, em meio a uma das maiores ameaças para a saúde humana dos tempos modernos", acrescenta o texto. 

"O prêmio Nobel deste ano recompensa a descoberta em Ciência fundamental que mudou nossa compreensão e a maneira com que o RNA mensageiro interage com o sistema imunológico. Isso teve um grande impacto social durante a epidemia", declarou Rockard Sandberg, membro da Assembleia Nobel do Instituto Karolinska.

A cientista húngara, que conversou com a rádio sueca SR, no início pensou que a notícia era mentira e deu risada. Quando "a ficha caiu", ela disse ter pensado na hora em sua mãe. "Há dez anos, ela acompanhava os anúncios do Nobel e eu ainda nem era professora. Ela dizia: talvez um dia vão anunciar seu nome e eu estarei lá", contou a cientista. "Todos os anos, ela acompanhou o prêmio, mas há cinco, morreu, aos 89 anos. Talvez ela tenha ouvido do céu", acrescentou emocionada.

Drew Weissman pensou que a notícia fosse um trote. "Estava sentado na minha cama, esperando. Eu me perguntei se alguém estava nos pregando uma peça", contou. Questionado sobre como iria comemorar o prêmio, ele disse "que não era um grande festeiro", mas sairia com sua família, aproveitaria um bom jantar e voltaria para o trabalho."

Karikó e Weissman são colegas de longa data da universidade da Pensilvânia, nos EUA, e já receberam vários prêmios pelas suas pesquisas. Um deles é o Lasker Award, em 2021, considerado como um precursor do Nobel.  Ao selecionar a dupla, o comitê em Estocolmo rompeu com a tradição de reconhecer trabalhos com décadas de trajetória.

Vacinas que salvaram vidas

Até 2022, Karikó foi vice-presidente da BioNTech, que desenvolveu uma das primeiras vacinas contra a Covid-19. Desde então, ela atua como consultora da empresa. A cientista húngara também é professora da universidade da Pensilvânia. Drew Weissman, outro especialista reconhecido da tecnologia de RNA, ensina na área de pesquisa em vacinas na Perelman School of Medicine.

Katalin Karikó conseguiu encontrar uma forma de impedir o sistema imunológico de desencadear uma reação inflamatória contra o RNA mensageiro fabricado em laboratório, o que foi, durante muito tempo, considerado um obstáculo para sua utilização terapêutica. Em 2005, ela demonstrou, ao lado de Drew Weissman, que uma modificação de bases dos nucleosídeos - molécula formada por dois componentes que "escrevem" o código genético do RNA, poderiam manter o RNA mensageiro no radar do nosso sistema de defesa.

"O prêmio Nobel deste ano recompensa a descoberta em Ciência fundamental que mudou nossa compreensão e a maneira com que o RNA mensageiro interage com o sistema imunitário. Isso teve um grande impacto social durante a epidemia", declarou Rockard Sandberg, membro da Assembleia Nobel do Instituto Karolinska.

As descobertas dos pesquisadores datam de 2005 e as primeiras vacinas contra a Covid-19 foram comercializadas pelos laboratórios Pfizer/BioNTech e Moderna, em 2020.O princípio é injetar no organismo pedaços de RNA que carregam instruções genéticas e "ensinam" o corpo a reconhecer e se defender dos ataques do vírus SARS-CoV-2 à proteína Spike, que ele utiliza para entrar na célula, produzindo anticorpos.

Nobel premiou sueco no ano passado

Kariko e Weissman receberão um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de quase US$ 1 milhão (quase R$ 5 milhões) das mãos do rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, em uma cerimônia solene em Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel (1833-1896), que criou o prêmio em seu testamento.

No ano passado, o Nobel de Medicina foi atribuído ao sueco Svante Pääbo pelo desenvolvimento da paleogenética e suas descobertas sobre a evolução humana. Pääbo, filho de um bioquímico também premiado com o Nobel, trabalhou no sequenciamento do genoma dos neandertais e descobriu que compartilhamos parte de nossos genes com este hominídeo extinto.

A temporada do Nobel continuará na terça-feira com o prêmio de Física e na quarta-feira com o prêmio de Química. Na quinta-feira será anunciado o vencedor do prêmio de Literatura e na sexta-feira, em Oslo, será revelado o Nobel da Paz. O prêmio Nobel de Economia, criado em 1969 por iniciativa do Banco Central da Suécia, encerra a temporada no dia 9 de outubro.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.