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Brasileiros vão às urnas no 1º turno com eleitorado dividido até o último minuto

Os 156 milhões de eleitores brasileiros vão às urnas neste domingo (2) para escolher o novo chefe de Estado, mas também deputados federais, um terço do Senado, governadores e deputados estaduais em 27 estados e Distrito Federal. Porém, toda a atenção do mundo está voltada para a disputa presidencial: o pleito é marcado por uma campanha polarizada e parte do eleitorado espera convencer seus adversários a mudar o voto até o último minuto.

Brasileiros vão às urnas neste domingo e uma das eleições mais polarizadas de sua história.
Brasileiros vão às urnas neste domingo e uma das eleições mais polarizadas de sua história. © REUTERS - ADRIANO MACHADO
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Silvano Mendes, enviado especial a Belo Horizonte

O bairro Novo Aarão Reis, no norte de Belo Horizonte, é uma espécie de resumo do Brasil de hoje. Situado em uma capital que acolhe um dos maiores colégios eleitorais do país, ele também está localizado em um dos estados onde o resultado das urnas, para a escolha do presidente, é incerto.

“Esse bairro vem de uma população que morou debaixo de lona muitos anos”, resume Ivone Nicolão para descrever a favela, que, antes formada por barracos, se tornou um bairro de casas de alvenaria construídas de forma desordenada em colinas, como em várias comunidades carentes do Brasil.

Ivone também é um exemplo de uma parcela da população que mudou de vida graças aos programas sociais implementados durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu tenho 45 anos, sou negra e consegui fazer um curso técnico de enfermagem durante o governo do PT. Eu fui a única dos cinco irmãos que conseguiu estudar. Onde é que uma pessoa pobre, que era só uma faxineira, ia conseguir estudar dentro de uma universidade?”, questiona.

Hoje Ivone está à frente do IMA, o Instituto das Mulheres Amadas, uma pequena ONG que ajuda vítimas de violência doméstica, um problema que ela mesma viveu e presente em sua comunidade – assim como no resto do Brasil.

A entidade vive apenas de doações e dá apoio psicológico, além de ajudar mulheres que sofreram ou sofrem de violência doméstica a adquirir autonomia financeira. Os ateliês de costura, confecções de bijuterias e customização de chinelos contribuem para gerar renda e melhorar a autoestima de quem procura a ONG.

“A gente respira política”

Para Ivone, esse espaço é também um local de consciência política, em tempo de eleições. “A gente respira política”, diz a mineira que mostra com orgulho as bandeiras dos candidatos do PT que sacode pelas ruas, em seus momentos de cabo eleitoral improvisada. “A maioria da minha comunidade aqui do Novo Aarão Reis é Lula”, garante.

No entanto, ao contrário do que afirma Ivone, no bairro mineiro o eleitorado também está bastante dividido, como no resto do Brasil, e uma parcela da população local vai votar em Jair Bolsonaro.

02:25

Reportagem: Eleitores mineiros divididos antes da eleição

Alguns, como Ana Cristina, membro do IMA, confessa timidamente que seu candidato neste domingo não será o mesmo que a amiga defende com tanto fervor. “Para mim, será o voto consciente”, diz a jovem. “Tenho que pensar no futuro das crianças e do Brasil. Então na minha casa e na minha família será 22”, afirma.

Ivone Nicolão (e), fundadora da OGM mineira IMA, ao lado de Ana Cristina Fialho, membro do grupo.
Ivone Nicolão (e), fundadora da OGM mineira IMA, ao lado de Ana Cristina Fialho, membro do grupo. © Silvano Mendes/RFI

“Você tem certeza?”, interrompe Ivone. “Ela vai votar do nosso lado. Estamos buscando melhorias e isso vai ser com o governo de Lula”, se irrita. Os ânimos se exaltam e Ivone deixa a sala, enquanto Ana Cristina tenta se explicar. “É uma verdade que tenho dentro de mim. Sou mãe e não concordo com muitas coisas que o PT propõe”, diz, antes de fazer alusão à suposta defesa da teoria de gênero, o direito ao aborto ou ainda os banheiros mistos nas escolas para as crianças.

Uma mistura de temas reais de debate e rumores que circularam nas redes sociais desde a eleição de 2018 e que até hoje prejudicam a imagem da esquerda, mesmo após terem sido desmentidas inúmeras vezes. Apesar disso, Ivone não desiste, e diz, antes de acompanhar a reportagem até a calçada, que ainda tem algumas horas pela frente para convencer a amiga a mudar de ideia.

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