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Desvios

Ex-primeira-dama de Honduras comprou US$ 328 mil em sapatos para crianças

A ex-primeira-dama de Honduras Rosa Elena Bonilla de Lobo, detida na quarta-feira (28) sob acusação de desviar recursos de seu gabinete para contas pessoais, movimentou mais de 94 milhões de lempiras (US$ 4 milhões) entre 2011 e 2014, segundo a chefe interina da Missão de Apoio contra a Corrupção e a Impunidade em Honduras (Maccih), Ana María Calderón. Um cunhado da ex-primeira-dama, Mauricio Moya, também foi preso.

Policiais acompanham a ex-primeira-dama de Honduras Rosa Elena Bonilla de Lobo, detida sob acusação de desvio de dinheiro público.
Policiais acompanham a ex-primeira-dama de Honduras Rosa Elena Bonilla de Lobo, detida sob acusação de desvio de dinheiro público. REUTERS/Jorge Cabrera
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Elena Bonilla, esposa do ex-presidente Porfirio Lobo (2010-2014), foi detida na casa em que vive com o marido na zona residencial El Chimbo, a 5 km a leste de Tegucigalpa, capital de Honduras. Ela "é investigada por suposta substração de 12 milhões de lempiras (US$ 500 mil) da conta do escritório do gabinete da primeira-dama para uma conta pessoal, seis dias antes de seu marido entregar a Presidência da República, em 27 de janeiro de 2014", explicou o porta-voz da Corte Suprema de Justiça (CSJ), Melvin Duarte.

Apresentados no mesmo dia à uma juíza de instrução penal, Bonilla e o cunhado tiveram prisão decretada por seis dias e foram transferidos para penitenciárias nos arredores da capital.

O despacho da juíza detalha que a malversação de recursos públicos é punida com penas de 6 a 12 anos de prisão, a lavagem de ativos com penas de 15 a 20 anos e a associação ilícita pode gerar de 20 a 30 anos de reclusão.

Sapatos infantis investigados

Desde outubro do ano passado, a promotoria do Ministério Público (MP) soube, por um informe do Tribunal Superior de Contas, que Bonilla também é investigada por uma compra de sapatos para crianças avaliada em 7,7 milhões de lempiras (US$ 328 mil). Em dezembro, ela se apresentou voluntariamente à Justiça com seus advogados, mas foi deixada em liberdade.

A conta do gabinete da ex-primeira-dama recebia recursos de várias origens, incluindo 150 milhões de lempiras (US$ 638 mil) provenientes do Patronato Nacional da Infância (Pani), organismo estatal que atende crianças carentes, e uma doação de quatro milhões de lempiras (US$ 170 mil) de Taiwan.

Segundo o órgão de combate à corrupção, outras nove pessoas, colaboradoras de Bonilla, estão envolvidas nos crimes de "malversação de recursos públicos, lavagem de ativos e associação ilícita". O fundo era chamado de "caixinha da primeira-dama".

O governo declarou em um comunicado que "reitera sua convicção de que tanto os casos de alto perfil público, como em qualquer outro, as entidades de justiça penal devem observar o devido processo, direito de defesa e o princípio de inocência".

Falta de apoio

A Maccih é um organismo criado em abril de 2016 para ajudar Honduras no combate à corrupção. Na semana anterior, o chefe da missão, o peruano Juan Jiménez Mayor, deixou o país após pedir demissão, denunciando falta de apoio do secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, mas assegurou que o organismo continuará funcionando. Ele foi substituído interinamente por Calderón, também peruana.

A Maccih não pode apresentar denúncias diretamente nos tribunais, mas tem promotores investigadores que trabalham com o Ministério Público.

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