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Argentina fora dos Brics: Milei anuncia decisão no dia em que decreto que flexibiliza economia entra em vigor

O governo formalizou nesta sexta-feira (29) a recusa da Argentina ao convite para participar dos Brics, segundo o ministério das Relações Exteriores do país. A informação foi anunciada no mesmo dia em que entra em vigor o megadecreto assinado pelo presidente Javier Milei que flexibiliza o mercado de trabalho.

Manifestantes diante do Palácio de Justiça de Buenos Aires protestam contra as reformas do presidente argentino Javier Milei, em 27 de dezembro de 2023.
Manifestantes diante do Palácio de Justiça de Buenos Aires protestam contra as reformas do presidente argentino Javier Milei, em 27 de dezembro de 2023. © AGUSTIN MARCARIAN / REUTERS
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O governo argentino enviou uma nota oficial aos presidentes de cada um dos países-membros, entre eles o Brasil, para recusar o convite para fazer parte do bloco.

Na nota, a Casa Rosada diz que “não considera oportuna a incorporação da República da Argentina aos Brics como membro pleno a partir de 1° de janeiro de 2024”. O governo argentino argumenta também que “algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revisadas”, entre elas, a participação ativa do país no bloco.

A Argentina foi convidada a se unir ao Brics em agosto de 2023, juntamente com o Egito, a Etiópia, a Arábia Saudita, o Irã e os Emirados Árabes Unidos. A entrada dos países no bloco se torna efetiva no primeiro dia de 2024.

Megadecreto entra em vigor

Nesta sexta-feira também entra em vigor o megadecreto assinado por Milei em 21 de dezembro, que impõe 366 medidas que revogam leis, eliminam dezenas de regulamentações estatais, possibilitam a privatização de empresas públicas, como a petrolífera YPF, e abre as portas da economia para a dolarização. Também representa o pontapé inicial para a flexibilização do mercado de trabalho e do sistema de saúde.

O decreto só pode ser rejeitado por um voto contra no Parlamento ou, de forma parcial, por decisão da Justiça.

A Confederação Geral do Trabalho, principal central sindical da Argentina, convocou, na quinta-feira (28), uma greve geral para 24 de janeiro, em repúdio ao decreto e ao pacote de projetos de lei de Milei.

Desde o anúncio do decreto, sindicatos, organizações sociais, grupos de direitos humanos e partidos políticos de oposição se manifestam para pressionar a Justiça a declará-lo inconstitucional. O argumento que sustenta o pedido de inconstitucionalidade acusa o governo de legislar por meio de um decreto, avançando contra uma atribuição do Poder Legislativo.

Governar sem o povo

Esta é a primeira vez em 40 anos de democracia que um presidente argentino enfrenta uma greve geral um mês e meio após chegar ao poder.

“O Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) ditado pelo presidente Javier Milei subverte a ordem constitucional ao pretender legislar, atribuindo-se todo o poder público e, assim como no seu discurso de posse, dar as costas ao Congresso”, acusou a CGT em nota.

O presidente argentino avisou que, se o Congresso anular o decreto, o governo vai convocar um plebiscito para continuar com as reformas. O trâmite legislativo poderia demorar até março.

Se depender das previsões dos indígenas peruanos, o começo do ano para Milei não será fácil. Reunidos na quarta-feira (27) em uma colina sagrada de Lima, 14 xamãs vindos de todo o país fizeram suas tradicionais previsões sobre os líderes do mundo. “Nós vimos que o presidente Milei terá um período muito complicado em seu governo”, disse um deles, que também previu que o presidente argentino “terminará mal”. “Não governar com seu povo é ruim e vai terminar em crise”, afirmou.

(RFI e AFP)

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