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Aumento de casos de sequestro no Chile reacende suspeitas contra migrantes

No Chile, o número de sequestros aumentou em 67% entre 2021 e 2022. Em apenas uma semana, três pessoas foram raptadas. A violência no país está longe dos níveis observados em outros lugares da América Latina, mas nos últimos anos, certos crimes tornaram-se cada vez mais frequentes.

Protesto contra a migração ilegal, em Iquique, Chile, domingo, 30 de janeiro de 2022.
Protesto contra a migração ilegal, em Iquique, Chile, domingo, 30 de janeiro de 2022. AP - Ignacio Munoz
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O sequestro de um empresário despertou a opinião pública e os meios de comunicação para o problema, relata a correspondente da RFI em Santiago, Naïla Derroisné. 

Um grupo de cinco homens armados roubou primeiro os telefones e carteiras de cerca de quinze funcionários de uma empresa, em Rancagua, ao sul de Santiago, e logo depois o diretor foi sequestrado e mantido em cativeiro por mais de 24 horas. Ele foi finalmente libertado após o pagamento de um resgate. 

Três sequestradores foram presos, um colombiano e dois venezuelanos, que entraram ilegalmente no Chile. Outras duas pessoas, um boliviano e um peruano, foram sequestradas em Iquique, no norte do país. Um foi libertado em troca do pagamento de um resgate e o outro, graças à prisão dos seus sequestradores.

As histórias não são casos isolados. Há vários anos que o país tem registrado um aumento exponencial no número de sequestros, que está diretamente ligado ao crime organizado, acredita o subsecretário do Ministério do Interior, Manuel Monsalve. 

Para enfrentar este novo tipo de delinquência, o procurador-geral Ángel Valencia anunciou a criação de uma brigada especial, na qual 240 agentes serão responsáveis ​​pela investigação de crimes graves, como sequestros e homicídios.

O prefeito de Iquique denuncia a falta de controle nas fronteiras. O que teria levado, segundo ele, à instalação, em solo chileno, de quadrilhas criminosas estrangeiras que importam determinados tipos de crimes. 

Durante meses, houve uma forte tensão nas fronteiras do Peru e da Bolívia, o que resultou em manifestações em 2022. No início do ano, o Congresso chileno aprovou uma lei para posicionar as Forças Armadas em territórios de fronteira.

Em março, a morte de três policiais fez com que o governo de Gabriel Boric, para quem o tema da segurança não era uma prioridade, revisse a sua agenda. Toda uma bateria de medidas foi anunciada para enfrentar o aumento da violência no país, algumas delas visando os estrangeiros. 

Fluxo migratório

Há algum tempo o Chile enfrenta um fluxo massivo de migrantes, que muitas vezes entram no país ilegalmente. “O Chile tem passado por um processo migratório muito intenso”, comenta Claudio González, diretor do Centro de Estudos de Segurança Pública da Faculdade de Governo da Universidade do Chile. "O primeiro problema é que os migrantes que chegam ao país não estão integrados na sociedade chilena. Há, portanto, segregação social e isso gera conflitos e delinquência", diz. 

Segundo o órgão governamental de prevenção ao crime, em 2022 os homicídios aumentaram 33,4% em relação ao ano anterior, representando a segunda maior variação na América Latina depois do Equador, onde aumentaram mais de 80%. Segundo diversas pesquisas, a delinquência é a principal preocupação dos chilenos.

O pesquisador aponta, ainda, a falta de regulamentação e controle de fronteiras. “Isso permitiu que muitos grupos organizados entrassem no Chile sem serem capturados pelo sistema”, enfatiza. "Mas seria irresponsável falar de uma ligação direta entre o crime e a imigração, porque é o caminho para a xenofobia e estamos muito próximos disso."

Segundo a Procuradoria Nacional, 25% dos acusados ​​no Chile são estrangeiros e metade não possui documentos, o que, segundo os promotores, dificulta a sua identificação e o processo judicial.

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