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Colômbia: remanejamento do governo é "coerente", mas com apoio político "limitado", diz especialista

O presidente colombiano, Gustavo Petro, promoveu uma reforma em sete ministérios na quarta-feira (26) e se cercou de antigos aliados políticos, em meio à pior crise desde que assumiu o poder, em agosto de 2022. O primeiro líder de esquerda do país tem dificuldades para implementar as reformas prometidas no sistemas trabalhista, de saúde, previdenciário, judiciário, entre outros. Para especialista ouvido pela RFI, as mudanças no gabinete são "coerentes".

O presidente colombiano, Gustavo Petro (à esquerda), assina um documento ao lado de Jorge Duque, novo conselheiro de Estado, em Bogotá, na quarta-feira (26).
O presidente colombiano, Gustavo Petro (à esquerda), assina um documento ao lado de Jorge Duque, novo conselheiro de Estado, em Bogotá, na quarta-feira (26). AFP - CESAR CARRION
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Com informações de Marie-Eve Detoeuf, correspondente da RFI em Bogotá

O governo de coalizão durou cerca de nove meses. Sete ministros centristas deixaram o governo Petro, a começar pelo chefe da pasta da Economia, José Antonio Campo, que convenceu o Congresso colombiano a adotar a ambiciosa reforma fiscal, a única votada até o momento.

A saída deste acadêmico liberal que promovia consensos no gabinete foi uma das principais surpresas do remanejamento. Os Ministérios do Interior e o da Agricultura, setores-chave para Petro, também foram renovados. Além disso, o presidente acatou a demissão da ministra da Saúde, Carolina Corcho, no centro das disputas entre o Executivo e parte do Congresso.

No início de seu mandato, o presidente colombiano apostou na abertura ao centro, com o objetivo de constituir uma maioria parlamentar. No entanto, houve oposição à reforma constitucional para reduzir a participação privada no sistema de saúde - o que foi a gota d'água para o líder de esquerda.

"Há semanas, as mudanças pelas quais as pessoas votaram estavam comprometidas pelo comportamento e a chantagem de líderes de partidos tradicionais. O país precisa saber disso. Nosso pacto fundamental é com as pessoas, não com as elites políticas agarradas a seus privilégios", explicou à RFI a senadora de esquerda Maria José Pizarro. 

À turbulência política se soma a queda na popularidade de Petro, que ficou em 35% em abril, contra 40% que aprovaram suas políticas. Os dados constam da sondagem do instituto Invamer, realizada em fevereiro e divulgada na quarta-feira.

Guinada à esquerda

De fato, anunciando o nome de novos ministros, Petro mostra que está disposto a implementar as reformas que prometeu. Também está claro que, com a eliminação de representantes do centro, o presidente se direciona ainda mais à esquerda.

"É um governo focado no presidente e em seu projeto, mais coerente. Mas também com apoios políticos mais limitados do que no início", analisa o pesquisador Yann Basset, do Instituto de Altos Estudos da América Latina (Iheal), sediado em Paris. 

O presidente colombiano considera que "um governo de emergência" deve ser instalado no país, já que o Congresso não conseguiu aprovar artigos simples e pacíficos sobre, por exemplo, a repartição igualitária de terras. O líder quer "que as equipes trabalhem para diminuir o preço dos alimentos, doar terrenos aos trabalhadores rurais, aumentar a produção agrícola, mantendo os preços baixos, porque são iniciativas fundamentais para a paz". 

A primeira composição de governo formada se apoiava no centro, na direita e no mundo universitário, e não sobre as forças de esquerda que levaram Petro ao poder. Desde sua chegada à presidência, ele enfrentou várias renúncias e, no final de fevereiro, demitiu três ministros. 

O terremoto no gabinete representa a pior crise governamental interna em pouco mais de nove meses de mandato. Seu grande desafio agora será de governar sem maioria no Congresso. 

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