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Presidente colombiano indica ex-guerrilheiro para comandar Serviço de Inteligência

O filósofo Manuel Alberto Casanova, ex-companheiro de armas do presidente Gustavo Petro na guerrilha M-19, já dissolvida, será o novo diretor de Inteligência na Colômbia. Pela primeira vez esse cargo será ocupado por alguém sem vínculos com militares.

Apoiadores de Gustavo Petro comemoram vitória do ex-guerrilheiro nas eleições presidenciais da Colômbia (19/06/22).
Apoiadores de Gustavo Petro comemoram vitória do ex-guerrilheiro nas eleições presidenciais da Colômbia (19/06/22). AP - Fernando Vergara
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Casanova foi nomeado "diretor geral do Departamento Administrativo da Direção Nacional de Inteligência" (DNI), por decreto assinado na última quinta-feira (18).

Criada em 2011, a organização será dirigida pela primeira vez por um civil que, segundo a oposição, não tem experiência em gestão de Inteligência e Contrainteligência Estratégica em Segurança e Defesa.

Assim como Petro, Casanova deixou a guerrilha em 1990 como parte do acordo de paz assinado pelo M-19.

"É preocupante. Trata-se de uma pessoa [Casanova] que não tem experiência em gestão de Inteligência", questionou José Vicente Carreño, deputado do partido Centro Democrático, em entrevista à W Radio nesta segunda-feira (22). Depois de entregar suas armas, o ex-guerrilheiro assumiu o cargo de chefe de Segurança do partido político Alianza Democrática M-19, que surgiu do pacto de paz, informou a Universidad de los Andes, onde Casanova deu uma conferência sobre o conflito no ano passado.

Inteligência por ex-militares

O DNI substituiu o Departamento Administrativo de Segurança (DAS), que foi dissolvido devido a um escândalo de espionagem envolvendo juízes, opositores e defensores de direitos humanos no governo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010). Desde sua criação, a entidade era dirigida exclusivamente por militares aposentados.

É uma nomeação "desmotivadora" para o setor público, declarou o deputado Carreño. No entanto, para Gloria Flórez, senadora e defensora de direitos humanos, a nomeação de Casanova representa uma mudança de "curso" na gestão da Inteligência na Colômbia, país atolado em um conflito interno há seis décadas.

"No antigo DAS fomos vítimas de uma perseguição infame, de manipulações que hoje mantêm diversas pessoas presas. O que se busca é dar um rumo diferente à Inteligência do Estado", alegou Flórez.

Casanova atuou recentemente como funcionário da entidade responsável pelo ensino técnico na Colômbia (SENA) e em uma empresa exportadora de café, de acordo com documentos públicos e seu perfil no LinkedIn.

Com a chegada inédita da esquerda ao poder pelas mãos de Gustavo Petro, as Forças Armadas e a Polícia entraram em um processo de transformação que busca melhorar sua atuação em termos de direitos humanos, diante de abusos e assassinatos de civis amplamente documentados.

No último sábado (20), durante a mudança de liderança militar, Petro alertou as tropas para se prepararem para se tornarem um "exército da paz", após o prolongado confronto interno que seu governo quer extinguir por meio de negociações com grupos armados.

(Com informações da AFP)

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