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Ruanda inicia comemorações do 30º aniversário do genocídio dos tutsis com assassinos ainda foragidos

Ruanda inicia as celebrações do 30º aniversário do genocídio dos tutsis, que deixou 800.000 vítimas violentamente assassinadas por extremistas hutus. Suspeita-se que vários dos perpetradores desse que é considerado o pior massacre do século 20 sejam fugitivos da Justiça, alguns deles residentes na França, que não extraditou ninguém pelo massacre.

O presidente de Ruanda, Paul Kagame, e sua esposa, Jeannette Kagame, acendem uma chama memorial cercados por chefes de Estado e outros dignitários como parte das comemorações do 30º aniversário do genocídio de 1994 em Ruanda, no Memorial do Genocídio de Kigali, em 7 de abril de 2024.
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, e sua esposa, Jeannette Kagame, acendem uma chama memorial cercados por chefes de Estado e outros dignitários como parte das comemorações do 30º aniversário do genocídio de 1994 em Ruanda, no Memorial do Genocídio de Kigali, em 7 de abril de 2024. AFP - LUIS TATO
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Ruanda rememora a partir deste domingo (7) o ataque coordenado dos extremistas hutus contra os tutsis. Foram 100 dias de perseguição e execuções sangrentas, frequentemente a machadadas, num dos episódios mais desumanos do século 20. Quase 500.000 mulheres podem ter sido estupradas. Registros mostram que cerca de 5.000 crianças nascidas dessas violações foram assassinadas. 

Como todos os anos, em 7 de abril, o dia em que as milícias hutus iniciaram os assassinatos, uma chama foi acesa no Memorial Gisozi, na capital Kigali, onde acredita-se que cerca de 250.000 pessoas estejam enterradas. A cerimônia foi conduzida pelo presidente Paul Kagame, fundador da Frente Patriótica de Ruanda (RPF), o grupo rebelde que tomou o poder e pôs fim aos assassinatos em julho de 1994 e governa o país desde então.

Líderes e autoridades estrangeiras participam da comemoração, incluindo o ex-presidente americano Bill Clinton, que estava na Casa Branca na época e reconheceu a inação diante dos assassinatos como o maior fracasso de sua administração.

A França enviou à cerimônia o ministro das Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, e o secretário de Estado para os territórios ultramarinos, nascido em Ruanda, Hervé Berville. Ele foi evacuado do país africano em 1994, logo nos primeiros dias do genocídio.

A violência começou no dia seguinte ao ataque que matou o presidente Juvénal Habyarimana, da etnia hutu, após meses de uma virulenta campanha de propaganda contra os tutsis. Durante três meses, o exército, as milícias Interahamwe, mas também cidadãos comuns, massacraram essa minoria, a quem chamavam de "inyenzi" ("baratas" em kinyarwanda). Oponentes hutus que não haviam concordado em participar do genocídio também foram assassinados.

Reconciliação incompleta e fugitivos da Justiça

Há 30 anos, Ruanda vem trabalhando para a reconciliação, principalmente com a criação, em 2002, de tribunais comunitários conhecidos como "gacaca", onde as vítimas podiam ouvir as "confissões" dos criminosos.

A Justiça também desempenhou um papel importante, mas, de acordo com o governo de Ruanda, centenas de pessoas suspeitas de envolvimento no genocídio continuam foragidas, especialmente em países vizinhos, como a República Democrática do Congo e Uganda.

Um total de 28 fugitivos foram extraditados do exterior, incluindo seis indivíduos dos Estados Unidos.

A França, o principal país para onde fugiram os criminosos de Ruanda, não extraditou ninguém, mas condenou meia dúzia de pessoas por seu papel nos assassinatos.

Organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW), pedem neste triste aniversário  julgamentos rápidos para os responsáveis pelo genocídio ruandês.

(RFI com AFP)

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