Atentado durante show em Moscou acende debate sobre o retorno da pena de morte na Rússia
Após o ataque terrorista na casa de show Crocus City Hall, nos arredores de Moscou, que chocou a Rússia e o mundo, vários membros do alto escalão do regime do presidente russo Vladimir Putin pedem que a moratória sobre a pena de morte para "terroristas" seja suspensa.
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"Hoje, muitas pessoas estão perguntando sobre a pena de morte (...) será tomada uma decisão que atenderá às expectativas da nossa sociedade", comentou Vladimir Vassiliev, chefe do grupo parlamentar do partido governista Rússia Unida, sobre a questão da suspensão da moratória que está em vigor desde 1996.
Para o líder parlamentar Yuri Afonin, responsável por questões de segurança, "quando se trata de terrorismo e assassinato de pessoas, precisamos restabelecer a lei que autoriza a pena de morte". Sergei Mironov, membro do partido pró-Kremlin "Just Russia", também pediu "o estabelecimento da pena de morte para pessoas que cometem atos terroristas".
Além dos grupos jihadistas, como o Estado Islâmico (EI), que reivindicou a responsabilidade pelo ataque mortal ao Crocus City Hall na sexta-feira (22), que deixou pelo menos 133 pessoas mortas, a Rússia considera vários oponentes e líderes ucranianos como "extremistas" e "terroristas". Neste mês, o país acrescentou o "movimento LGBT internacional" à lista de organizações terroristas elaborada pelos serviços financeiros russos.
Reivindicação pelo crime
Até o momento, a Rússia não fez nenhuma menção à conexão jihadista com o ataque de sexta-feira, apesar da alegação do EI.
Os serviços de segurança russos e Vladimir Putin, no entanto, sugeriram uma possível ligação com a Ucrânia, sem dar mais detalhes. A Rússia também organizou uma repressão total à oposição, principalmente por meio de acusações de extremismo, terrorismo, descrédito das forças armadas e traição.
O ex-presidente e atual número 2 do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, garantiu na sexta-feira que a Rússia "destruiria" os líderes ucranianos se eles fossem responsáveis pelo ataque à sala de concertos.
"Se for estabelecido que eles são terroristas do regime de Kiev (...) todos eles devem ser encontrados e destruídos sem piedade como terroristas. Incluindo os líderes do Estado que cometeram tal atrocidade", disse ele no Telegram.
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No domingo, o presidente do Tadjiquistão, Emomali Rakhmon, disse à Vladimir Putin que "os terroristas não têm nacionalidade", apesar de a mídia russa afirmar que os autores do atentato à sala de shows eram do Tadjiquistão.
Durante uma conversa telefônica, Rakhmon "condenou o cruel e sangrento ataque à Crocus City Hall, enfatizando que 'os terroristas não têm nacionalidade, pátria ou religião'", escreveu a presidência do Tadjiquistão.
Reações do Vaticano no Domingo de Ramos
O papa Francisco ofereceu no domingo suas orações às vítimas do "covarde ataque" perto de Moscou, denunciando "atos desumanos", disse o papa, de 87 anos, no final da missa de Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, no Vaticano. O papa presidiu a missa diante de uma multidão estimada pelo Vaticano em 25 mil pessoas.
"Que o Senhor os acolha em sua paz, conforte suas famílias e converta os corações daqueles que organizam e realizam essas ações desumanas que ofendem a Deus, que ordenou 'Não matarás'", disse o argentino.
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(Com informações da AFP)
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