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Para conter aumento de lixo espacial, agência europeia realiza queda programada de satélite

O satélite europeu ERS-2, que completou sua missão de observação da Terra há 13 anos, deverá se desintegrar quase totalmente na atmosfera na quarta-feira (21), antes de cair na Terra, sem risco, em princípio, de ferir pessoas em regiões habitadas, segundo as últimas previsões da Agência Espacial Europeia (ESA). Para conter o aumento do lixo espacial, a ESA lançou uma política de “zero detritos” e o Japão enviou ao espaço uma nave espacial com a missão de inspecionar os resíduos.

Imagem ilustrativa. Lançamento de um foguete Ariane 5 em Kourou, na Guiana Francesa, em 26 de abril de 2015. Para lutar contra lixo, agências espaciais começam a tomar medidas.
Imagem ilustrativa. Lançamento de um foguete Ariane 5 em Kourou, na Guiana Francesa, em 26 de abril de 2015. Para lutar contra lixo, agências espaciais começam a tomar medidas. AFP PHOTO / ESA/ P. PIRON / HO
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A operação de queda programada do satélite, bastante rara na ESA, começou em 2011 para evitar uma destruição acidental do objeto em órbita, que poderia dispersar destroços perigosos para os satélites ativos e para a Estação Espacial Internacional (ISS).

O Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) da ESA prevê a entrada do satélite nas camadas inferiores da atmosfera na quarta-feira, às 8h14 em Brasília, com uma margem de incerteza de mais ou menos 15 horas.

Esta margem, que há uma semana ainda era de mais ou menos 48 horas, explica-se pelo fato de o aparelho cair naturalmente, apenas pela força da gravidade, e não de forma dirigida.

Assim, atravessa as camadas superiores da atmosfera, o que retarda mais ou menos a sua descida e torna difícil prever onde alguns de seus destroços poderão cair.

A maior parte das 2,3 toneladas do ERS-2 deve queimar quando atingir as camadas mais baixas da atmosfera, a uma altitude de cerca de 80 km. “Estima-se que o maior fragmento do satélite que pode atingir o solo tenha 52 kg”, disse Henri Laur, da Direção de Observação da Terra da ESA, na semana passada.

A probabilidade de um destes destroços atingir uma pessoa na Terra é inferior a uma em cem bilhões, segundo o blog da ESA dedicado à missão. Em outras palavras, o risco para um ser humano é 65.000 vezes inferior ao de ser atingido por um raio.

Política de “zero detritos”

Normalmente, objetos com massa semelhante ao ERS-2 terminam seus dias na atmosfera uma vez a cada uma ou duas semanas, segundo a ESA. A monitorização do satélite durante seus últimos dias no espaço é realizada pelo ESOC, com parceiros institucionais europeus, alemães e americanos.

Pioneiro na observação da Terra, o satélite foi lançado em 1995 e colocado a uma altitude de quase 800 km.

Em 2011, no final da missão do ERS-2, a ESA desceu o satélite a cerca de 500 km,  para que em seguida ele voltasse de maneira natural e gradualmente em direção à Terra, em apenas 13 anos, em vez dos 100 a 200 anos que teria levado se tivesse permanecido na sua altitude inicial.

Privado de sua energia interna (combustível, baterias, etc), ele apresentava riscos significativos de explosão e formação de destroços.

Em julho de 2023, o satélite europeu Aeolus regressou à Terra de forma controlada, a partir de uma órbita (300 km) inferior à do ERS-2. Os destroços da máquina caíram no Oceano Atlântico.

Em 2023, a ESA lançou uma política de “zero detritos” para missões espaciais concebidas a partir de 2030.

“Mais de 100 organizações, incluindo Airbus, Thales Alenia Space, Safran, anunciaram sua intenção de assinar o documento”, disse Quentin Verspieren, coordenador do programa de segurança espacial da ESA, na semana passada.

Resíduos de satélites usados, peças de foguetes e destroços de colisões se acumularam desde o início da era espacial. Um problema que aumentou nas últimas décadas. De acordo com estimativas da ESA, existem cerca de um milhão de pedaços de detritos de satélites ou foguetes maiores que um centímetro em órbita, grandes o suficiente para “inutilizar uma nave espacial” em caso de impacto.

Para limpar o espaço, uma solução potencial poderia ser usar um feixe de laser capaz de empurrar os detritos em direção a uma nova órbita, onde um “destruidor” espacial os coletaria por meio de um ímã.

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Japão começa limpeza

Uma empresa japonesa anunciou segunda-feira (19) o lançamento bem sucedido da primeira nave espacial com a missão de inspecionar os resíduos cada vez mais numerosos e potencialmente perigosos em órbita.

A missão da Active Debris Removal by Astroscale-Japan (Adras-J) é encontrar e examinar os restos de um foguete japonês H-IIA flutuando no espaço há 15 anos, explicou a empresa privada japonesa Astroscale.

A investigação foi lançada no domingo, na Nova Zelândia, às 11h52, em Brasília.

A Astroscale “estabeleceu contacto com sucesso (...) e está pronta para iniciar as operações”, disse o líder do projeto, Eijiro Atarashi, citado num comunicado de imprensa.

A posição orbital exata do estágio superior do foguete H-IIA, lançado pela agência espacial japonesa (Jaxa) em 2009, que tem o tamanho de um ônibus, não é conhecida. Mas sua localização estimada será determinada usando dados de observação da Terra.

Adras-J se aproximará “a uma distância segura” e depois coletará imagens para avaliar os movimentos e o estado da estrutura. Esta nave espacial foi selecionada para a primeira fase do programa Jaxa que visa remover grandes detritos de origem japonesa, em cooperação com o setor privado.

(Com AFP)

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