Israel critica "imprecisão" do mandato de investigação da ONU sobre agência para refugiados palestinos
O mandato de investigação lançado pela ONU sobre as ações da agência da própria organização para os refugiados palestinos (UNRWA), acusada de ajudar o Hamas, é “muito geral”, segundo Israel, que, no entanto, concordou em colaborar com os investigadores.
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“O mandato [da investigação] como está atualmente é muito geral”, denunciou, na terça-feira (13), a embaixadora de Israel na ONU em Genebra, Meirav Shahar. “Não é um mandato que permite verificar que vocês (UNRWA) não irão mobilizar terroristas no futuro, que não terão infra-estruturas, centenas de túneis sob as escolas da UNRWA, sob sua sede principal”, insistiu à margem de uma audiência do chefe da agência, Philippe Lazzarini, pelo corpo diplomático em Genebra.
Em 5 de fevereiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou a criação de um comitê independente para avaliar a "neutralidade" da UNRWA e seu funcionamento, após acusações contra vários de seus funcionários de terem participado nos ataques do Hamas em Israel, em 7 de outubro.
O grupo de avaliação será liderado pela ex-ministra francesa de Relações Exteriores, Catherine Colonna.
"O mandato deve ser mais conciso, deve incluir peritos que também tenham capacidade para verificar os procedimentos antiterroristas e de controle. É isso que esperamos da investigação", sublinhou a embaixadora israelense, ao mesmo tempo que indicou que seu país concordará em colaborar com a investigação.
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Acusações de apoio ao Hamas
A UNRWA está no centro de uma controvérsia desde que Israel acusou 12 dos seus 30 mil funcionários regionais de envolvimento no ataque de 7 de outubro do grupo islâmico palestino Hamas, que resultou na morte de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da agência AFP.
Em resposta, uma dezena de países, incluindo grandes doadores como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Suécia, anunciaram que suspendiam seu financiamento à agência, que disse estar ameaçada de cessar suas atividades “no final de fevereiro”.
As acusações de Israel contra a agência não datam da guerra contra o Hamas e as autoridades israelenses denunciam há tempos o que consideram ser um conluio entre certos funcionários da agência da ONU e o movimento islâmico que controla a Faixa de Gaza.
O objetivo do grupo de avaliação é “determinar se a agência faz tudo o que está a seu alcance para garantir sua neutralidade e responder às acusações de abusos graves, quando necessário”.
O grupo deve apresentar a António Guterres um relatório intermediário até final de março e depois, até ao final de abril, um relatório final que deve, em particular, se necessário, fazer recomendações para “melhorar e reforçar” os mecanismos em vigor.
(Com AFP)
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