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Pressão internacional por acordo entre Israel e Hamas aumenta após anúncio de ofensiva em Rafah

A pressão internacional se intensificou nesta terça-feira (13) para um acordo de trégua entre Israel e o movimento islâmico Hamas, incluindo uma nova libertação de reféns, após o anúncio israelense de uma próxima ofensiva em Rafah, o último refúgio para mais de um milhão de palestinos na Faixa de Gaza.

Mulher palestina segura filha ferida enquanto seguem para uma clínica em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 12 de fevereiro de 2024.
Mulher palestina segura filha ferida enquanto seguem para uma clínica em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 12 de fevereiro de 2024. © Mohammed Abed / AFP
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O diretor da CIA, a agência central de inteligência dos EUA, William Burns, é esperado no Cairo nesta terça-feira (13) para novas conversas mediadas pelo Catar, inclusive sobre a libertação de reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza, de acordo com fontes próximas ao assunto.

Recentemente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou que seu exército preparasse uma ofensiva em Rafah, onde estão 1,4 milhão de palestinos, segundo a ONU, ou seja, mais da metade da população total do território, sendo que a maioria deles fugiu da guerra que vem ocorrendo há quatro meses.

Na segunda-feira (12), ele reiterou sua determinação de continuar a "pressão militar até a vitória completa" sobre o Hamas, cujo "último reduto" é Rafah, a fim de libertar "todos os nossos reféns".

Poucas horas antes, Israel havia libertado dois reféns israelenses-argentinos em Rafah, na fronteira com o Egito, em uma operação noturna acompanhada de bombardeios que deixaram cerca de cem mortos, segundo as autoridades do movimento islâmico palestino, que está no poder em Gaza desde 2007.

Nesta terça-feira, o exército israelense anunciou a morte de três soldados nos combates na Faixa de Gaza, elevando para 232 o número de soldados israelenses mortos desde o início da operação terrestre, em 27 de outubro.

Situação humanitária "insuportável"   

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, se opõem a uma operação em grande escala sem solução para os civis presos na fronteira, atualmente fechada, com o Egito, no extremo sul do território. O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu às forças israelenses que apresentem um plano "confiável" para poupar os civis em Rafah, que estão "expostos e vulneráveis". O pedido foi feito durante uma reunião na Casa Branca na segunda-feira com o rei jordaniano Abdullah II.

"Nos últimos quatro meses, desde que a guerra começou, os palestinos sofrem também uma dor e perdas inimagináveis. Entre os mais de 27 mil palestinos mortos neste conflito, há muitos civis inocentes e crianças, milhares de crianças. Centenas de milhares de pessoas não têm mais acesso a alimentos, água e outros serviços básicos", declarou Biden.

O presidente também se solidarizou com muitas famílias que perderam vários parentes. "Eles não podem nem mesmo chorar essas mortes ou enterrar seus familiares por falta de segurança. Isso nos parte o coração. Cada vida inocente perdida em Gaza é uma tragédia. Assim como cada vida inocente perdida em Israel também é uma tragédia. Oremos por todas essas vidas perdidas", disse o americano.

Biden também agradeceu à Jordânia por fornecer ajuda humanitária a Gaza. "Há alguns dias, Abdallah II embarcou pessoalmente em um avião e ajudou a transportar suprimentos médicos urgentes para Gaza", informou.

"Os Estados Unidos estão trabalhando em um acordo para libertar os reféns (...), o que traria imediatamente um período de calma de pelo menos seis semanas para Gaza", revelou o presidente Joe Biden, cujo governo rejeita uma trégua incondicional.

"Não podemos permitir um ataque israelense a Rafah", onde a situação humanitária já é "insuportável", disse Abdallah II, que também pediu "um cessar-fogo duradouro imediatamente" em Gaza.

A China, por sua vez, pediu a Israel na terça-feira que interrompa sua operação militar em Rafah "o mais rápido possível" para "evitar uma catástrofe humanitária ainda maior".

A guerra foi desencadeada em 7 de outubro por um ataque sem precedentes de comandos do Hamas infiltrados no sul de Israel a partir da Faixa de Gaza, que resultou na morte de mais de 1.160 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com uma contagem da agência AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Em retaliação, o governo israelense prometeu "destruir" o movimento islâmico, que considera uma organização "terrorista", assim como os Estados Unidos e a União Europeia.

A ofensiva israelense já deixou 28.340 mortes na Faixa de Gaza, a grande maioria delas de civis, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

A condição de saúde dos dois reféns libertados na segunda-feira, Fernando Marman, 60 anos, e Luis Har, 70 anos, é estável. No entanto, depois de 128 dias em cativeiro, eles mostram "sinais claros" de "falta de cuidados médicos", de acordo com uma porta-voz do hospital perto de Tel Aviv, onde foram internados e se encontraram com suas famílias.

De acordo com Israel, 130 reféns ainda estão em Gaza, 29 dos quais estão mortos, de um total de cerca de 250 pessoas sequestradas em 7 de outubro. Uma trégua de uma semana em novembro levou à libertação de 105 reféns em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses. 

"Para a lua?"

Diante dos temores internacionais de uma grande ofensiva militar, Netanyahu disse no domingo que Israel abriria "uma passagem segura" para que a população deixasse Rafah, sem especificar para qual destino.

"Eles vão evacuar (os palestinos): para onde, para a lua?", perguntou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em Bruxelas.

Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, advertiu que a organização não participaria de "um deslocamento forçado da população" em Rafah.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, um dos líderes mais críticos de Israel desde o início de sua operação em Gaza, também era esperado em Dubai nesta terça-feira e no Cairo na quarta-feira. O Hamas advertiu no domingo que uma ofensiva em Rafah "torpedearia" qualquer acordo sobre os reféns.

De acordo com a ONU, cerca de 1,7 milhão de pessoas, de uma população total de 2,4 milhões, fugiram de suas casas desde 7 de outubro no território palestino sitiado por Israel e mergulhado em uma grande crise humanitária.

Rafah, que se tornou um gigantesco campo de palestinos deslocados, é o principal ponto de entrada para a ajuda humanitária, que, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), é insuficiente para atender às necessidades de uma população que vive em "condições de quase fome".

(Com AFP)

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