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Sobe para quase 18 mil o número de mortos no conflito Israel-Hamas após veto dos EUA por cessar-fogo

Os combates se intensificam em toda a Faixa de Gaza, neste sábado (9), depois que os Estados Unidos vetaram um cessar-fogo no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e apoio a Israel na guerra contra o Hamas. O Ministério da Saúde do Hamas anunciou também no sábado que os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza causaram 17.700 mortes e 48.780 feridos em dois meses de guerra entre o movimento islâmico palestino e Israel. 

Palestinos choram seus mortos no hospital Nasser em Khan Younès, no sul da Faixa de Gaza, em 9 de dezembro de 2023.
Palestinos choram seus mortos no hospital Nasser em Khan Younès, no sul da Faixa de Gaza, em 9 de dezembro de 2023. REUTERS - IBRAHEEM ABU MUSTAFA
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O governo do Hamas, que controla Gaza desde 2007, estima que o número real de mortos e feridos seja muito maior, pois os serviços de resgate palestinos e as ONGs estrangeiras não conseguem acessar todas as áreas bombardeadas para retirar as vítimas dos escombros.

A situação em Gaza ficou ainda mais tensa após o veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e apoio a Israel na guerra contra o Hamas. O Irã alertou neste sábado (9) para “a possibilidade” de “uma explosão incontrolável” no Oriente Médio se os Estados Unidos continuarem a apoiar Israel na guerra contra o Hamas. Foi o que disse o ministro de relações exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, numa conversa por telefone com o secretário-geral da ONU, António Guterres, um dia após o veto americano a uma resolução do Conselho de Segurança que apelava a um “cessar-fogo humanitário imediato” em Gaza.

Já o presidente turco Recep Tayyip Erdogan denunciou o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, segundo ele, havia se tornado "o conselho de proteção de Israel", um dia depois de os EUA terem vetado uma resolução que pedia um cessar-fogo em Gaza. "Desde 7 de outubro, o Conselho de Segurança se tornou um conselho de proteção e defesa de Israel", denunciou o chefe de Estado turco por ocasião do 75º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos, conforme relatado pela AFP.

Combates se intensificam com veto dos EUA

Israel bombardeou a Faixa de Gaza de norte a sul no sábado, continuando a intensificar sua campanha militar contra o Hamas palestino depois de conseguir que os Estados Unidos vetassem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo humanitário imediato.

Treze dos 15 membros do Conselho de Segurança, incluindo a França, votaram a favor dessa resolução. O Reino Unido se absteve. Desde a retomada dos combates em 1º de dezembro, após uma semana de trégua, Israel estendeu sua ofensiva terrestre para o sul da Faixa de Gaza, onde lançou um ataque à principal cidade da região, Khan Younes.

Tanto o exército israelense quanto os palestinos relataram a intensificação dos combates no norte do enclave, especialmente na Cidade de Gaza, onde enormes explosões foram vistas do território israelense.

Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, tornou-se o epicentro da guerra em Gaza.
Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, tornou-se o epicentro da guerra em Gaza. © Ahmed Zakot / Reuters

Moradores de Khan Younes relataram no sábado que as forças israelenses emitiram uma ordem de evacuação para mais um bairro a oeste das posições tomadas esta semana, sugerindo que um novo ataque é iminente. A grande maioria dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza já foi forçada a fugir de suas casas desde o início da resposta israelense ao ataque do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro. Alguns já foram deslocados várias vezes.

Enquanto os combates se intensificam em todo o território, os habitantes de Gaza e as agências da ONU acreditam que não há mais nenhum lugar seguro para se refugiar, uma opinião contestada por Israel.

O Estado hebreu impede que os habitantes usem a estrada principal que cruza Gaza de norte a sul e os empurra em direção à costa do Mediterrâneo. 

"Bombardeios a noite toda"

Os mortos e feridos entraram no hospital Nasser de Khan Younes, que já estava transbordando, durante toda a noite. Uma enfermeira retirou de uma ambulância o corpo sem vida de uma menina vestida com um agasalho rosa. Dentro do prédio, crianças feridas gemiam e se contorciam de dor no chão de ladrilhos enquanto as enfermeiras tentavam confortá-las. Do lado de fora, cadáveres envoltos em mortalhas brancas se alinhavam na rua. Na cidade, uma casa estava em chamas depois de ser bombardeada durante a noite.

Parentes choram por seus mortos em Khan Younes, sábado, 9 de dezembro de 2023.
Parentes choram por seus mortos em Khan Younes, sábado, 9 de dezembro de 2023. REUTERS - IBRAHEEM ABU MUSTAFA

Zainab Khalil, uma moradora de Gaza de 57 anos, deslocada com cerca de 30 parentes e amigos a oeste das posições israelenses em Khan Younes, relatou que os militares israelenses haviam ordenado a evacuação de uma rua próxima. "Portanto, provavelmente é apenas uma questão de tempo até que eles avancem contra nossa área também. Estamos ouvindo bombardeios a noite toda", disse ela.

"Não dormimos à noite, ficamos acordados, tentamos fazer com que as crianças durmam e ficamos acordados temendo que o local seja bombardeado e tenhamos que fugir levando as crianças. E durante o dia começa outra tragédia, que é saber como alimentar as crianças", relata.

O Hospital Nasser e o Hospital Al Aqsa em Deir al Ballah, também no sul da Faixa de Gaza, informaram juntos o total de 133 mortos e 259 feridos em apenas 24 horas.

EUA pediram que Israel protegesse os habitantes

Israel diz que está tentando poupar os civis e acusa os combatentes do Hamas de se misturarem com a população, o que o movimento islâmico nega.

Os EUA pediram que Israel fizesse mais para proteger os habitantes de Gaza nessa nova fase de sua operação militar, e o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse esta semana que havia uma "lacuna" entre as promessas israelenses de poupar os civis e a realidade no local.

No entanto, Washington continua a apoiar a posição israelense de que qualquer cessar-fogo beneficiaria apenas o Hamas. É por isso que os Estados Unidos foram o único país a votar contra a resolução apresentada ao Conselho de Segurança na sexta-feira (8).

"Não apoiamos o apelo da resolução por um cessar-fogo que não será sustentável e apenas plantará as sementes da próxima guerra", disse Robert Wood, embaixador adjunto dos EUA na ONU, antes de exercer o veto americano. 

(Com informações da AFP e Reuters)

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