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Em visita ao Canadá, Joe Biden mostra sua firmeza contra a imigração ilegal

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, esteve em visita ao Canadá na sexta-feira (24), a primeira a seu aliado mais próximo desde que assumiu o cargo há dois anos. O líder americano e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, concordaram em revisar o acordo que vincula os dois países para requerentes de asilo. A situação no Haiti e as relações com a China também estiveram na pauta do encontro.

Joe Biden e Justin Trudeau, com suas respectivas esposas, no Museu de Aviação e Espacial do Canadá, em Ottawa, em 24 de março de 2023.
Joe Biden e Justin Trudeau, com suas respectivas esposas, no Museu de Aviação e Espacial do Canadá, em Ottawa, em 24 de março de 2023. AP - Andrew Harnik
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Por Pascale Guéricolas, correspondente da RFI em Quebec

O acordo sobre requerentes de asilo se aplica agora a toda a fronteira, e não apenas aos pontos de entrada oficiais. Isso significa, portanto, o fechamento imediato da via Roxham, um ponto de passagem não oficial por onde cerca de 40 mil requerentes de asilo passaram em 2022.

O fechamento deste acesso, no entanto, já preocupa as organizações de ajuda aos migrantes. "O resultado será levar as pessoas a tentarem travessias ainda mais perigosas em áreas remotas ou empurrá-las para os contrabandistas", declarou à AFP Julia Sande, da Anistia Internacional.

Agora é impossível para estes requerentes dos Estados Unidos tentar a sorte no Canadá, mesmo através de passagens tortuosas como esta. As autoridades canadenses poderão devolver os imigrantes aos Estados Unidos até 14 dias após a passagem ilegal da fronteira. Em troca, o Canadá se compromete a receber 15 mil novas pessoas.

“Estamos trabalhando juntos para enfrentar níveis recordes de migração em nosso hemisfério. A Declaração de Los Angeles sobre Migração e Proteção, que os Estados Unidos e o Canadá assinaram em junho passado – juntamente com outras 19 nações – representa uma abordagem nova e integrada para o desafio da migração, que é real. Reúne políticas humanas que protegem fronteiras e apoiam as pessoas”, declarou Joe Biden no Parlamento canadense.

“Desencorajamos a migração ilegal”

O presidente americano enviou uma mensagem clara sobre a política migratória de seu país: “Nos Estados Unidos, estamos expandindo os canais legais de migração de forma segura com base humanitária, enquanto desencorajamos a migração ilegal, que alimenta a exploração e o tráfico de pessoas”.

“Hoje, portanto, aplaudo o Canadá por estabelecer programas semelhantes, abrindo novos caminhos legais para migrantes de países do hemisfério sul. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e o Canadá trabalharão juntos para impedir a travessia ilegal de fronteiras e implementar totalmente o acordo atualizado dos países participantes”, continuou o chefe da Casa Branca.

Biden foi aplaudido de pé diversas vezes pelos parlamentares durante o seu discurso, principalmente quando elogiou o empenho dos dois países no apoio à Ucrânia.

Apoio policial no Haiti

Outro tema de discussão foi o Haiti, país em meio à extrema violência e a uma grave crise humanitária. Trudeau anunciou um ajuda de 100 milhões de dólares canadenses (cerca de € 70 milhões) para apoiar, em particular, a formação das forças de ordem haitianas.

Mas a visita de Joe Biden não levou a um anúncio sobre o possível envio de uma força militar internacional para o país caribenho - uma força que os Estados Unidos dizem que deveria ser idealmente liderada pelo Canadá. "Queremos manter o povo haitiano no centro das soluções para resolver a crise", enfatizou o primeiro-ministro canadense.

“Estamos avançando com as sanções. Continuaremos a trabalhar para pressionar as elites e a classe política haitiana para que se responsabilizem não pela situação difícil do povo haitiano, mas pelo bem-estar do povo haitiano”, afirmou o premiê canadense.

Washington e Ottawa contribuirão com para apoiar a polícia haitiana. “Juntos, podemos melhorar a eficácia e a capacidade de resposta da polícia, participando de seu treinamento e conversando com parceiros para envolvê-los também. Então [a situação] está evoluindo”, acrescentou Joe Biden.

Otan e China

Os gastos militares também estiveram em pauta, enquanto Washington pressiona por um maior engajamento dos membros da Otan. Os dois países prometeram, de acordo com um comunicado da Casa Branca, "investir na modernização" do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad), que desempenha um papel estratégico na detecção de intrusões aéreas.

Canadá e Estados Unidos também se comprometeram a cooperar no combate ao tráfico de drogas sintéticas, por meio de um investimento da gigante americana IBM em sua fábrica de Bromont, no Quebec.

E por fim, visto que o assunto tem sido inevitável durante as viagens diplomáticas do presidente americano, a questão da China veio à tona.

Em sua declaração conjunta, Joe Biden e Justin Trudeau "tomam nota dos graves problemas que a China representa a longo prazo para a ordem internacional" e se comprometem a lutar contra toda "interferência" estrangeira. Isso logo após a abertura de uma investigação no Canadá sobre alegações de interferência chinesa nas duas últimas eleições federais.

"Muito exageradas"

Durante a coletiva de imprensa, Biden foi questionado sobre o encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder chinês, Xi Jinping, esta semana em Moscou.

"Não considero a China levianamente. Não considero a Rússia levianamente", declarou, frisando, no entanto, que as interpretações sobre uma forte aproximação entre os dois países foram "muito exageradas". "Se alguma coisa aconteceu, é que o Ocidente cerrou fileiras consideravelmente", disse Joe Biden.

(Com informações da AFP)

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