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Irã executa dois homens que participaram de protestos no país

O Irã executou por enforcamento dois homens, neste sábado (7), no contexto dos protestos que abalam o país há três meses. Eles foram considerados culpados de matar um paramilitar durante as manifestações desencadeadas após a morte sob custódia da jovem curda Mahsa Amini, em setembro. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, anunciou a nomeação de um novo chefe da polícia nacional.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, se encontra com o novo chefe da força policial iraniana, Ahmad-Reza Radan, em Teerã, Irã. Em 7 de janeiro de 2023. Escritório do líder supremo iraniano/WANA (West Asia News Agency )/Folheto via Reuters
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, se encontra com o novo chefe da força policial iraniana, Ahmad-Reza Radan, em Teerã, Irã. Em 7 de janeiro de 2023. Escritório do líder supremo iraniano/WANA (West Asia News Agency )/Folheto via Reuters via REUTERS - WANA NEWS AGENCY
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Um tribunal de primeira instância havia condenado os réus à morte, em 4 de dezembro e a condenação foi confirmada pela Corte Suprema, na terça-feira (3). Outros três homens foram condenados à morte no mesmo caso e 11 a penas de prisão.

"Mohammad Mehdi Karami (22) e Seyyed Mohammad Hosseini (39), principais autores do crime que levou ao injusto martírio de Ruhollah Ajamian, foram enforcados esta manhã", afirma o comunicado à imprensa das autoridades judiciais, emitido pela agência oficial IRNA.

Estas últimas execuções elevam para quatro o número de manifestantes condenados oficialmente à morte após o início dos protestos. No momento, dezenas de outros militantes enfrentam acusações passíveis a pena de morte no Irã.

Mahsa Amini morreu sob custódia da polícia de costumes do Irã, em 16 de setembro, após ter sido presa e acusada de não portar corretamente o véu islâmico. As manifestações que se seguiram no país constituem um dos maiores desafios da República Islâmica, desde a sua criação, em 1979.

"Julgamentos fictícios"

Segundo a Anistia Internacional, as autoridades iranianas condenaram à morte pelo menos 26 outras pessoas em "julgamentos fictícios destinados a intimidar os manifestantes", em que os réus não tiveram acesso à defesa e a advogados de sua escolha.

De acordo com a Anistia Internacional, o tribunal que condenou Karami, um campeão de caratê de 22 anos, contou com confissões forçadas. Em meados de dezembro, o pai de Mohammad Mehdi Karami, Mashallah Karami, postou um vídeo nas redes sociais no qual implorava às autoridades que anulassem a sentença de morte contra seu filho.

Já o advogado de Hosseini, Ali Sharifzadeh Ardakani, escreveu em um tuíte, em 18 de dezembro, que seu cliente havia sido torturado e que as confissões obtidas sob tortura não tinham base legal. O Irã nega que qualquer confissão tenha sido obtida nessas condições.

Teerã atribui a agitação a seus inimigos estrangeiros, incluindo os Estados Unidos, e considera sua repressão aos protestos como forma de proteger a soberania nacional.

De acordo com o grupo de direitos humanos HRANA, 517 manifestantes foram mortos durante os distúrbios, incluindo 70 menores, assim como 68 membros das forças de segurança. Nada menos do que 19.262 manifestantes foram presos, de acordo com a mesma fonte.

Já de acordo com autoridades iranianas, são 300 mortos,  incluindo membros das forças de segurança.

Teerã está sujeita a uma série de sanções internacionais em resposta à repressão aos protestos.

Novo chefe da polícia

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, anunciou neste sábado a nomeação de um novo chefe da polícia nacional. Ahmad-Reza Radan vai substituir Hossein Ashtari, um general cujo mandato havia terminado.

Em 2010, o Tesouro dos EUA colocou Ahmad-Reza Radan na lista de pessoas que teriam violado os direitos humanos, após a polêmica reeleição do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, que resultou em grandes protestos reprimidos pelo governo.

Antes dessa nomeação, Mehrzad Boroujerdi, vice-presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia do Missouri, nos Estados Unidos, havia relatado "rumores de que Khamenei tinha criticado muito o trabalho de Ashtari". Ele disse à AFP, na quarta-feira, que esperava que pessoas como Ashtari fossem substituídas por funcionários "ainda mais duros para manter as forças de segurança sob controle rígido".

(Com informações da AFP)

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