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Irã fecha instituto francês após publicação de caricaturas de Khamenei no jornal Charlie Hebdo

O Irã anunciou, nesta quinta-feira (5), o fechamento do mais antigo instituto de estudos da língua francesa (IFRI) de Teerã, em represália à publicação de caricaturas do guia supremo do país, Ali Khamenei, pelo jornal satírico francês Charlie Hebdo, divulgada na véspera. Os desenhos foram considerados um "insulto" por Khamenei.

O guia supremo do Irã, Ali Khamenei, em 2 de novembro
O guia supremo do Irã, Ali Khamenei, em 2 de novembro © KHAMENEI.IR / AFP
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As autoridades iranianas já haviam prevenido o governo francês que a publicação das charges da personalidade política e religiosa mais importante da República Islâmica não ficaria sem resposta. "Por hora, o ministério colocará um fim às atividades do Instituto de Pesquisa no Irã", afirmou o Ministério das Relações Exteriores do país, em um comunicado. A embaixada da França em Teerã recusou-se a comentar o caso.

No comunicado, o Irã acusa o governo francês de "inação" em relação às publicações anti-islâmicas, que propagam o ódio e o racismo contra a religião. O Ministério das Relações Exteriores iraniano pede ao governo francês "explicações" da parte dos autores das caricaturas, dizendo que o "povo iraniano" acompanha com "seriedade" a resposta da França. Teerã também pede que o governo francês "lute seriamente contra a islamofobia".

As caricaturas publicadas no jornal satírico foram escolhidas em um concurso lançado em dezembro, durante as manifestações no país em protesto contra a morte na prisão da jovem Mahsa Amini, em 16 de setembro. Ela foi detida por ter desrespeitado a lei que impõe o uso do véu islâmico.

Críticas à pena de morte

O jornal satírico francês Charlie Hebdo, cuja sede foi alvo de um atentado em 2015, após a publicação de caricaturas do profeta Maomé, apoiou em dezembro o concurso internacional sobre os protestos no Irã e "os iranianos que brigam pela própria liberdade".

A publicação mostra desenhos de conotação sexual com Khamenei. As ilustrações também denunciam o recurso à pena de morte como tática para intimidar os manifestantes. Dois iranianos já foram executados pelo envolvimento nos protestos.

Na quinta-feira passada, a justiça iraniana condenou à morte, em primeira instância, um homem que participou dos protestos contra o governo. Antes do anúncio do fechamento do instituto francês, a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, declarou que a "liberdade de imprensa existe na França, contrariamente o que acontece no Irã. A política equivocada é aquela adotada pelo Irã, que agride violentamente sua própria população", acrescentou.

Reprodução da capa do jornal satírico Charlie Hebdo, que publicou charges ironizando o aiatolá iraniano Ali Khamenei
Reprodução da capa do jornal satírico Charlie Hebdo, que publicou charges ironizando o aiatolá iraniano Ali Khamenei © RFI Persan

Embaixador convocado

Na quarta-feira, o chanceler iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, denunciou um ato "indecente", que não ficará sem resposta. O embaixador da França no Irã, Nicolas Roche, foi convocado no mesmo dia pelo Ministério iraniano das Relações Exteriores em Teerã. "O Irã não aceita de nenhuma maneira insultos contra seus valores islâmicos, religiosos e nacionais. A França não tem direito de insultar o que é sagrado para os países muçulmanos utilizando a liberdade de expressão como pretexto", frisou o porta-voz do ministério, Nasser Kanani.

O Irã "considera o governo francês responsável por esse ato odioso e injustificado", acrescentou. A sede do IFRI, no centro de Teerã, ficou fechada por anos. O instituto foi reaberto durante a presidência de Hassan Rohani (2013 - 2021). O centro tem uma grande biblioteca, usada pelos estudantes de língua francesa e das universidades iranianas. O IFRI foi inaugurado em 1983, após a fusão da Delegação Arqueológica do Irã, criada em 1987, e o instituto francês de Iranologia, fundado em 1947 por Henry Corbin.

(Com informações da AFP)

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