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Fusão entre operadoras europeias de satélite pode criar gigante da internet espacial

A operadora de satélite francesa Eutelsat e a britânica OneWeb anunciaram nesta terça-feira (26) planos de uma fusão para criar uma gigante no crescente mercado da internet de banda larga, com o objetivo de concorrer com a Starlink, do magnata sul-africano Elon Musk.

O satélite Eutelsat Quantum é acoplado ao seu lançador em 30 de julho de 2021 (foto ilustrativa).
O satélite Eutelsat Quantum é acoplado ao seu lançador em 30 de julho de 2021 (foto ilustrativa). © ESA-Manuel Pedoussaut
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Em um comunicado, a Eutelsat anunciou a assinatura de um "protocolo de acordo" de fusão com a OneWeb, da qual já detém 23%. Os acionistas de ambas as empresas compartilharão a futura empresa igualmente, especificou o texto.

A transação, que será feita por troca de ações, avalia a OneWeb em US$ 3,4 bilhões, o que implica um valor de € 12 euros (quase o mesmo em dólares) por ação da Eutelsat, informou a empresa no comunicado.

A Eutelsat é especialista em órbita geoestacionária, com uma frota de 35 satélites localizados a 36 mil km acima da Terra para transmissão via satélite e serviços de internet de banda larga.

Já a empresa britânica OneWeb implantou 428 satélites chamados de "baixa órbita terrestre" (LEO, na sigla em inglês), que operam a uma altitude de algumas centenas de quilômetros, para fornecer internet de alta velocidade com baixa latência, ou tempo de transmissão de dados.

Constelação de 42 mil satélites

O objetivo da OneWeb é implantar 648 satélites para cobertura total. Entre seus acionistas estão os conglomerados indianos Bharti (30%) e a coreana Hanwa (8,8%), o governo britânico (17,6%) e o japonês Softbank (17,6%).

A Eutelsat, por sua vez, pertence em 20% ao Bpifrance, o banco público de investimento do Estado francês, e do Fundo de Participação Estratégica (FSP), de propriedade de sete seguradoras francesas. O restante do capital da companhia é flutuante.

O projeto de fusão visa posicionar a empresa no setor de internet espacial de alta velocidade, especialmente para atender regiões isoladas que carecem de fibra ótica, ou para atender às necessidades futuras do carro conectado, por exemplo. A Eutelsat estimou este mercado em pelo menos US$ 16 bilhões em 2030.

A operação daria origem a um novo gigante para competir com a Starlink, a constelação do bilionário Elon Musk (SpaceX), que já implantou mais da metade dos 4.408 satélites de sua frota e prevê um total de 42 mil. Já Jeff Bezos, fundador da Amazon, planeja, por sua vez, implantar mais de 3,2 mil satélites para sua constelação Kuiper.

Em nome da soberania

A União Europeia (UE) também quer implantar sua própria constelação de órbita terrestre baixa de cerca de 250 satélites a partir de 2024, em nome da soberania. "Não sabemos como será a futura constelação europeia, mas estamos impacientes para iniciar um diálogo com a Comissão", declarou a diretora-geral da Eutelsat, Eva Berneke, nesta terça-feira (26).

A China também tem seu próprio projeto de constelação, Guowang, com 13 mil satélites. "As constelações de órbita baixa são um mercado que pode se tornar estratégico para os governos", destacou Romain Pierredon, analista da AlphaValue nesta segunda-feira (25).

Pierredon explicou que, atualmente, os principais desafios passam pela soberania e, nesse sentido, deu o exemplo dos semicondutores. "O objetivo é não depender de ninguém, então a Europa pode ser um ótimo cliente da OneWeb", exemplificou.

A interrupção dos voos do foguete Soyuz, decretada pela Rússia em resposta às sanções ocidentais impostas por sua ofensiva na Ucrânia, paralisou a implantação da constelação OneWeb em fevereiro. O CEO da OneWeb, Sunir Bharti Mittal, revelou hoje que este processo pode ser concluído "até março de 2023", graças a um acordo com a SpaceX e ao apoio dos Estados Unidos, e do governo indiano.

(Com informações da AFP)

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