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G7 acusa Rússia de agravar insegurança alimentar; Putin denuncia "cinismo" do ocidente

Os ministros das Relações Exteriores do G7, em um comunicado conjunto divulgado nesta sexta-feira (24), acusaram a Rússia de exacerbar a insegurança alimentar global ao impor um bloqueio aos portos ucranianos e bombardear as infraestruturas do país. Os ministros pedem a Moscou que "pare com seus ataques e ações ameaçadoras e desbloqueie os portos ucranianos do Mar Negro para a exportação de alimentos".

Mulheres carregam saco de cereais no norte do Quênia (foto ilustrativa).
Mulheres carregam saco de cereais no norte do Quênia (foto ilustrativa). www.oxfam.org/I. Fuhrmann
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Reunidos em uma conferência em Berlim, ministros de 40 países tentam encontrar "soluções" concretas para a crise alimentar causada pela guerra na Ucrânia. Intitulada "Unidos pela segurança alimentar mundial", a conferência, da qual participa o secretário de Estado americano, Antony Blinken, é realizada antes da cúpula dos líderes do G7, organizada na Baviera a partir de domingo (26).

A conferência visa "propor soluções" como a aceleração das exportações de alimentos da Ucrânia por rotas alternativas ao Mar Negro, explicou à imprensa a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock. Os intercâmbios também se concentrarão no aumento da ajuda aos países mais afetados, ainda que o evento não seja apresentado como uma conferência de doadores.

Em resposta às críticas, o presidente russo, Vladimir Putin, defendeu a posição de Moscou. Ele denunciou o "cinismo" dos países ocidentais, em particular os Estados Unidos, acusando-os de "desestabilizar a produção agrícola mundial" com restrições impostas à entrega de fertilizantes russos e bielorrussos e "barreiras" à exportação de trigo.

"O mercado de alimentos está desequilibrado da forma mais grave", afirmou, falando em uma cúpula virtual "Brics Plus" que reúne líderes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Argélia, Egito, Senegal, Indonésia, Camboja e Argentina.

Fome como arma de guerra

A invasão russa da Ucrânia, incluindo o bloqueio dos portos do Mar Negro, está elevando os preços dos alimentos e contribuindo para o aumento global da inflação. Moscou usa a fome "deliberadamente como arma de guerra" e faz "o mundo inteiro refém", denunciou Baerbock, alertando para um verdadeiro "tsunami" de fome que pode atingir certos países.

A Rússia, por sua vez, nega ter bloqueado a passagem de navios de carga e acusa as sanções ocidentais de contribuir para a crise alimentar. "A Rússia exportou quase tanto trigo quanto no ano anterior, então a narrativa russa de que as sanções do G7 são a razão para o aumento dos preços globais dos alimentos é, portanto, totalmente infundada", respondeu Baerbock nesta sexta-feira.

Para a ministra, Moscou pode "deixar a produção de grãos sair por Odessa ou simplesmente parar esta guerra, mas nós quebramos a cabeça para encontrar rotas alternativas", acrescentou. Esses caminhos paralelos poderiam passar pela Polônia, mas "temos o problema de mudar de via [ferrovia], que leva mais tempo", explicou Baerbock. "É por isso que escolhemos a rota sobretudo pela Romênia, porque podemos intensificar a navegação fluvial lá", continuou.

A Turquia, por sua vez, está tentando permitir a retomada das entregas de grãos pelo Mar Negro. As negociações de grãos entre Rússia, Ucrânia, Turquia e as Nações Unidas podem ser realizadas na Turquia "nas próximas semanas", de acordo com o Ministério da Defesa turco.

(Com informações da AFP)

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