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ONU afirma ter provas de crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na Líbia

Uma missão de especialistas das Nações Unidas afirma que crimes de guerra e crimes contra a humanidade foram cometidos na Líbia desde 2016, entre eles tortura, estupros e tráfico humano. O relatório, que será apresentado no próximo dia 7, é resultado de uma investigação feita no território e em outros países. A lista de grupos e de indivíduos suspeitos dos crimes não foi revelada.

Vala comum encontrada na Líbia é uma das provas recolhidas pela ONU dos crimes de guerra e contra a humanidade perpetrados no país desde 2016
Vala comum encontrada na Líbia é uma das provas recolhidas pela ONU dos crimes de guerra e contra a humanidade perpetrados no país desde 2016 Mahmud Turkia AFP/Archivos
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"Há razões para acreditar que crimes de guerra foram cometidos na Líbia, enquanto os atos violentos cometidos nas prisões e contra os migrantes no país podem constituir crimes contra a humanidade", destacam os especialistas, confirmando fatos que vêm sendo denunciados há tempos.

Esta missão independente decidiu não publicar "a lista de indivíduos e grupos (tanto líbios quanto estrangeiros) que poderiam ser responsáveis pelos estupros, abusos e crimes cometidos na Líbia desde 2016".

"Esta lista continuará sendo confidencial até se tenha necessidade de publicá-la, ou compartilhá-la" com organismos que possam responsabilizar os envolvidos destas atrocidades.

Os autores do relatório afirmam que a Justiça líbia investiga a maioria dos casos mencionados pela missão da ONU, mas que "o processo para punir os culpados de estupro, ou de maus-tratos, enfrenta desafios significativos".

A missão insiste em que "os civis pagaram um preço alto" pela violência que assola a Líbia há cinco anos, principalmente, pelos ataques a escolas e hospitais. 

"Ataques aéreos mataram dezenas de famílias. A destruição da infraestrutura de saúde teve impacto no acesso à saúde e minas antipessoais deixadas por mercenários em áreas residenciais mataram e feriram civis”, destaca o relatório.

Os migrantes que tentam chegar à Europa procedentes da Líbia são alvo de todo tipo de violência "nos centros de detenção e por causa dos traficantes [de pessoas]", denunciou Chaloka Beyani, um dos especialistas da missão.

Violência organizada

“Nossa investigação mostra que os ataques contra os migrantes são cometidos em grande escala por atores estatais e não estatais, com um alto grau de organização e com o incentivo do Estado, aspectos que sugerem que 'se trata de crimes contra a humanidade'", diz o documento da ONU.

Os especialistas destacam ainda a situação nas prisões líbias, onde a tortura é frequente, e os presos são impedidos de receber visitas de seus familiares. A detenção arbitrária em prisões secretas e em "condições insuportáveis" ​​é usada pelo Estado e pelas milícias como arma contra todos aqueles que são vistos como uma ameaça.

“A violência é usada em tal escala nas prisões da Líbia e em tal grau de organização que também pode constituir um crime contra a humanidade”, disse Tracy Robinson.

O relatório deve ser apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra, o mais alto órgão da ONU nessa área, em 7 de outubro.

Com informações da AFP

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