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Zona do euro perde esperança de retomada econômica com segunda onda da Covid-19

A segunda onda da pandemia de coronavírus arruinou as esperanças de uma rápida recuperação econômica na zona do euro, admitiu nesta quinta-feira (5) a Comissão Europeia. Segundo novas projeções do Executivo europeu, os 19 países que utilizam a moeda única europeia verão o Produto Interno Bruto (PIB) cair globalmente 7,8% este ano. A retomada em 2021 será menos expressiva que o esperado: +4,2%, contra +6,1% apontados na estimativa de julho.

Novas projeções de crescimento do PIB na zona do euro são impactadas pelo segundo lockdown em vários países.
Novas projeções de crescimento do PIB na zona do euro são impactadas pelo segundo lockdown em vários países. REUTERS/Francois Lenoir
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"Nunca antes havíamos contado com uma recuperação em forma de V. Agora, sabemos com certeza que não a teremos", acrescentou o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni. A recessão em 2020 será, entretanto, menos acentuada do que a previsão anterior, de -8,7%.

"A segunda onda aniquila nossas esperanças de uma recuperação rápida", disse Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão. Além disso, a dívida pública da zona do euro vai superar 100% do PIB em 2020, devido aos gastos extraordinários dos países para reativar suas economias, afetadas pela pandemia do coronavírus.

De acordo com a Comissão, as projeções indicam que a zona do euro deve encerrar 2020 com uma dívida pública acumulada equivalente a 101,7% do PIB. O nível permanecerá acima de 100% nos próximos dois anos.

A RFI antecipou, nessa quarta-feira (4), que o pagamento da conta do segundo lockdown será uma bola de neve para 2022.

Recessão histórica

As medidas contra a Covid-19 acontecem em um momento em que a Europa já enfrentava a maior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, com um impacto quatro vezes superior à crise financeira de 2008.

"Esse segundo bloqueio talvez seja mais difícil no sentido que ele acontece depois de um primeiro lockdown, que já tinha abalado muito a economia. O risco hoje é maior do que era em março”, avaliou o pesquisador Mathieu Plane, do Observatório Francês de Conjuntura Econômica (OFCE).

 Bruxelas estima que a atividade "dificilmente retornará ao nível pré-pandêmico em 2022". O "alto grau de incerteza" que ainda pesa sobre a economia indica uma volta à normalidade em 2023. Um possível agravamento da crise sanitária reduziria ainda mais a atividade e aumentaria o desemprego.

O impacto da pandemia teve efeitos diferentes nos países da UE "e o mesmo se aplica às perspectivas de recuperação". O quadro, aponta a Comissão Europeia, é reflexo da extensão da pandemia, do custo das medidas de contenção sanitária e do alcance das respostas nacionais.

França, Itália e Espanha são os mais afetados

Embora todos os países da zona do euro estejam entrando em recessão este ano, sem surpresa, três estão em situação particularmente complicada: Espanha (-12,4%), Itália (-9,9%) e França (-9,4%). Esses números refletem a gravidade da crise de saúde nesses países e sua maior dependência de serviços, especialmente relacionados ao turismo.

A Alemanha, maior economia da Europa, conseguiu moderar a escala da queda, com o PIB caindo "apenas" 5,6% em 2020. Para limitar os danos e facilitar a recuperação, a Comissão Europeia suspendeu as suas regras de disciplina orçamentária em março: os Estados podem, assim, despender quanto for necessário para apoiar as suas empresas e os seus trabalhadores.  A consequência é um provável aumentos dos déficits públicos aumentem significativamente em 2020.

(Com informações da AFP)

 

 

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