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Turquia/Combates

Turquia volta a atacar posições do PKK no norte do Iraque

A Turquia voltou a atacar neste domingo (26) posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque, um dia após seus bombardeios contra os rebeldes curdos provocarem o fim da trégua em vigor desde 2013. A artilharia atacou os curdos durante várias horas a partir da cidade de Dingle, no sudeste da Turquia, segundo a imprensa local.

Avião militar turco A400M na base de Incirlik
Avião militar turco A400M na base de Incirlik Reuters
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Um dia antes, dois soldados turcos morreram em um atentado com carro-bomba no distrito de Lice, perto da grande cidade de maioria curda de Diyarbakir (sudeste), após a chegada de um comboio de militares que haviam sido chamados ao local pelo incêndio de um veículo.

O ataque não foi reivindicado até o momento, mas leva o selo do PKK, em rebelião desde 1984 contra as forças de segurança turcas.

Horas antes, o movimento curdo havia ameaçado romper o cessar-fogo proclamado unilateralmente em 2013 devido aos bombardeios turcos contra suas bases no norte do Iraque.

Escalada da tensão

Essa brusca escalada da tensão entre o governo islamita-conservador turco e os rebeldes curdos da Turquia coincide com a decisão de Ancara de atacar os jihadistas do Estado Islâmico (EI), atingindo suas posições em território sírio.

Desde a noite de sexta-feira (24), caça-bombardeiros F-16 turcos realizaram diversos ataques contra instalações, campos, hangares e depósitos de munições do PKK nas montanhas de Kandil, no extremo norte do território iraquiano.

As operações deixaram um morto e três feridos nas fileiras do PKK, segundo a organização.
"Foram rompidas as condições de manutenção do cessar-fogo", proclamaram as Forças de Defesa do Povo (HPG), a ala militar do PKK, em seu site. "Diante destas agressões, temos o direito de nos defender".

Negociações de paz

O governo do presidente Recep Tayyip Erdogan iniciou em 2012 negociações de paz com o chefe do PKK detido, Abdullah Ocalan, para tentar colocar fim a uma insurgência que deixou 40 mil mortos desde 1984. Mas as negociações não levaram a nenhum acordo.

"Sob o pretexto de uma ofensiva contra o grupo Estado Islâmico, o governo declarou guerra a todas as organizações terroristas", disse o professor David Romano, da Universidade do Estado do Missouri (Estados Unidos), à agência France Presse. "Acredito que ele quer atacar mais o PKK que o EI".

A Casa Branca, que acaba de fechar um acordo com Ancara para utilizar a base turca de Incirlik (sul) em sua campanha antijihadista na Síria e no Iraque, defendeu o direito dos turcos de "realizar ações contra alvos terroristas", segundo o conselheiro adjunto de segurança nacional, Ben Rhodes.

Ancara ordenou os bombardeios após uma série de ataques na última semana contra suas forças de segurança atribuídas a militantes próximos ao PKK.

O movimento separatista reivindicou na quarta-feira o assassinato de dois policiais em Ceylanpinar (sudeste), na fronteira com a Síria. Disse ter agido em resposta ao atentado suicida de Suruc (sul) atribuído ao grupo EI, que, na segunda-feira, deixou 32 mortos e uma centena de feridos entre militantes da causa curda.

Acusações ao governo

A comunidade curda da Turquia acusa o governo de apoiar os jihadistas, algo que Ancara nega. O principal partido curdo na Turquia denunciou a estratégia de Erdogan de atiçar tensões. "Seu objetivo é que o país arda para obter plenos poderes", criticou o Partido Democrático dos Povos (HDP).

Em muitas cidades da Turquia, a tensão é palpável há uma semana. Quase todas as manifestações contra Erdogan são reprimidas pela polícia. Na noite de sábado, um homem foi abatido durante confrontos entre a polícia e manifestantes pró-curdos em Cizre (sudeste), informaram fontes médicas.

Com o objetivo de acalmar os ânimos, o principal partido curdo cancelou a "grande marcha pela paz" antijihadista prevista para este domingo em Istambul e proibida pelo governador. Desde sexta-feira, as autoridades turcas realizam uma operação sem precedentes contra supostos militantes do EI, do PKK e da extrema esquerda. Segundo dados oficiais, 590 pessoas foram detidas em todo o país.

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