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Turquia/Grupo EI

Turquia bombardeia grupo Estado Islâmico na Síria pela primeira vez

A Turquia bombardeou posições do grupo Estado Islâmico na Síria na madrugada desta sexta-feira (24). Ankara já havia lançado ofensivas na véspera, em represália a um ataque jihadista contra um posto do exército turco na fronteira, que matou um sub-oficial e feriu dois soldados. Mas essa é a primeira vez que os turcos usam aviões contra os islamitas.

Policial à paisana monta guarda depois do ataque em Diyarbakir
Policial à paisana monta guarda depois do ataque em Diyarbakir REUTERS/Sertac Kayar
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De acordo com um comunicado do governo turco, três caças F-16 atiraram quatro mísseis teleguiados contra três alvos: um local de reuniões e dois bairros sob controle do grupo Estado Islâmico. O comunicado do governo informa que os aviões não invadiram território sírio, apesar de os mísseis terem cruzado a fronteira.

Operação policial

Ao mesmo tempo, foi lançada uma vasta operação policial em território turco. Cerca de 5 mil militares trabalham em 30 pontos de Istambul, a maior cidade do país, e em outras 13 províncias. Mais de 250 pessoas foram presas, sob a acusação de integrar organizações terroristas.

Essa é a maior operação turca na luta contra o grupo Estado Islâmico, desde o início de sua ofensiva na Síria, no ano passado. Na segunda-feira, um atentado suicida reivindicado pelos jihadistas na cidade turca de Suruç matou 32 pessoas, entre eles vários jovens militantes do HDP, partido de esquerda pró-curdo, que participariam de uma expedição à cidade síria de Kobane.

As autoridades identificaram Seyh Abdurraham, um jovem turco de 20 anos, como autor do atentado. De acordo com a imprensa, ele havia passado por um período de treinamento junto à organização jihadista na Síria.

Temor do nacionalismo curdo

Logo depois do atentado, a organização curda PKK, que acusa Ankara de apoiar veladamente o grupo Estado Islâmico, assassinou dois soldados turcos na região fronteiriça de Ceylanpinar. Na quinta-feira, um policial morreu e outro foi gravemente ferido a tiros na cidade de Diyarbakir, de maioria curda. Uma organização próxima aos rebeldes curdos afirmou ter matado um comerciante ligado ao grupo Estado Islâmico, em Istambul, na terça-feira e ameaçou: "Os assassinatos de Suruç serão vingados".

Esses ataques aumentaram os temores em Ankara de que a guerra entre curdos e jihadistas se estenda por território turco. E serviram de desculpa para que a operação policial se estendessem às organizações pró-curdos. Uma militante do grupo marxista radical Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C, na sigla em turco) foi morta pela polícia em Istambul.

Há vários dias, ocorrem protestos contra o suposto apoio de Erdogan ao grupo Estado Islâmico. Uma grande manifestação de curdos e simpatizantes está marcada para domingo (26).

Apesar de integrantes dessa minoria formarem a linha de frente do combate contra os jihadistas na fronteira, o presidente Recep Tayyp Erdogan é completamente refratário ao nacionalismo curdo e, sempre que pôde, impôs obstáculos à travessia desses combatentes da Turquia para a Síria. Ankara alegava que o apoio, ainda que logístico, às forças curdas poderia reforçar as demandas curdas pela constituição de uma zona autônoma no norte do país.

Cooperação com os EUA

O governo turco também anunciou a permissão para que os Estados Unidos realizem operações aéreas contra o grupo Estado Islâmico, a partir da base de Incirlik, no sul do país. Essa era uma demanda antiga de Washington, que só foi possibilitada por uma longa conversa telefônica entre Erdogan e o presidente americano Barack Obama.

Autoridades turcas citadas pelo jornal Hürriyet cogitam a construção de um muro para limitar os movimentos jihadistas. A Turquia é a principal rota utilizada pelos recrutas do grupo Estado Islâmico para chegar a Síria.

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