Regime sírio nega ter usado tanques e helicópteros em Treimsa
O regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, negou hoje que tenha utilizado helicópteros e artilharia pesada na operação de quinta-feira em Treimsa, onde 150 pessoas morreram segundo o Observatório Sírio dos Direiros Humanos. Em entrevista neste domingo, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Jihad Makdessi, negou que tenha ocorrido um "massacre", conforme constataram observadores da ONU que visitaram novamente a aldeia sunita neste domingo.
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O Exército "utilizou transporte de tropas do tipo BMB, armas leves e lança-foguetes. Não recorreu a aviões, nem a tanques, nem a helicópteros e nem a artilharia", disse Makdessi em Damasco. "Falar de recurso à artilharia pesada não tem fundamento", declarou o porta-voz, sublinhando que "apenas cinco imóveis foram visados".
Em uma nota dirigida ao Conselho de Segurança da ONU, o mediador Kofi Annan denunciou o uso em Treimsa "de artilharia, de tanques e de helicópteros". Os indícios foram colhidos pelos observadores das Nações Unidas que visitaram a cidade durante o fim de semana. Annan considera que a operação do Exército sírio é uma nova violação do plano de paz oficialmente aceito pelo regime.
"A carta de Kofi Annan foi muito precipitada e não se baseia nos fatos", disse Makdessi. A versão do regime é que ocorreram "combates com grupos armados terroristas": "eles atacaram a aldeia e instalaram sedes de comando, aterrorizaram e torturaram os habitantes", afirmou o porta-voz do Exército. "Não foi um ataque do Exército contra civis, mas combates entre o Exército regular e grupos armados", insistiu. Makdessi advertiu que "qualquer pessoa que se levantar contra o Estado pelas armas, vai entrar em confronto com o Exército".
Desesperados, os sírios filmam violência e pedem ajuda
A violência do regime causou a morte de pelo menos 25 pessoas na manhã deste domingo. Ontem, pelo menos 115 pessoas morreram no país, de acordo com o OSDH, que se apoia em informações fornecidas por uma rede de militantes entre os quais estão médicos e advogados.
Entre as vítimas de hoje estão quatro civis atingidos por um foguete em casa, na cidade de Rastana. Imagens feitas no local mostram uma menina pequena, inerte, coberta de sangue. A pessoa que filma diz: "pelo amor de Deus, nos ajudem, olhem aquele ali ainda vivo", referindo-se a um homem que tem o corpo parcialmente recoberto por escombros.
Irã se oferece para sediar negociações
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, disse neste domingo que a República Islâmica está disposta a sediar conversas entre o governo sírio e grupos da oposição, em um esforço para colocar um fim ao conflito no país. A declaração pode indicar uma mudança na postura do governo iraniano, que até agora vinha apoiando a repressão comandada pelo ditador sírio para suprimir a insurreição que já dura 17 meses.
O presidente russo, Vladimir Putin, se reunirá na terça-feira em Moscou com Kofi Annan, com o intuito de dar um impulso diplomático ao plano de paz, conforme anunciou o Kremlin. A Rússia, principal aliado do regime de Damasco, tem bloqueado uma ação enérgica do Conselho de Segurança para solucionar o conflito.
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