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Moda

Com ou sem colete, amarelo se mete na fashion week parisiense antes mesmo dos desfiles

Começou nessa terça-feira (15) a temporada parisiense de desfiles de moda masculina outono-inverno 2019/2020. Além de novidades nas passarelas, a maratona fashion abre suas portas em meio aos protestos do “coletes-amarelos”, que chegaram a provocar algumas mudanças de calendário das marcas, temendo atos de vandalismo. Mas o que muitos não sabem é que a cor, que agora assusta o governo francês, já preparava seu retorno há um bom tempo, antes mesmo das manifestações.

Looks amarelos também foram vistos nas passarelas da Fashion Week de Berlim, que acontece nesse momento.
Looks amarelos também foram vistos nas passarelas da Fashion Week de Berlim, que acontece nesse momento. REUTERS/Fabrizio Bensch
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Geralmente a moda costuma captar o que acontece na sociedade, muitas vezes avançando nas passarelas o que será visto nas ruas meses mais tarde. Coincidência ou não, em janeiro de 2018 uma das cores notadas nas coleções masculinas apresentadas em Paris já era o amarelo fluorescente, muito antes dos coletes coletes de sinalização da mesma cor se tornarem o símbolo dos protestos contra a queda do poder aquisitivo na França.

Kenzo trazia a cor em blusas e calças, enquanto Louis Vuitton ousava em alguns acessórios e cadarços dos calçados. Yohji Yamamoto, com sua marca Y-3, pincelou a primeira parte do desfile com amarelões inusitados. Até a quase sempre sobrea Hermès “aderiu ao movimento” com algumas pitadas, muito discretas, dessa cor digna das nossas piores recordações da década de 1980.

Moda pop, retrô ou "divertida", o que os estilistas não imaginavam é que o feitiço poderia se virar contra o feiticeiro. Afinal, essa cor, que as passarelas tentaram impor discretamente em nossos guarda-roupas, está se tornando um pesadelo na França, inclusive para as marcas que participam da primeira Fashion Week deste ano. Isso porque muitos dos desfiles, eventos e festas são realizados durante o fim de semana, momento em que os chamados “coletes-amarelos” saem às ruas para manifestar desde meados de novembro. E com eles um sem-número de baderneiros que se juntam aos protestos, em passeatas muitas vezes marcadas por violência e atos de vandalismo.

Lojas atacadas e saqueadas

Algumas marcas de luxo foram diretamente visadas durante as manifestações passadas. A loja da Dior no Champs-Elysées teve sua porta arrombada e foi saqueada após um protesto no final de novembro. Não longe dali, a boutique Chanel também foi atacada.

Mal sabiam os manifestantes que Karl Lagerferld, diretor artístico da marca, era “colete-amarelo” muito antes do movimento existir, já que o estilista alemão protagonizou, em 2008, uma campanha sobre a segurança nas estradas, no qual vestia o acessório emblemático. A própria Chanel, aliás, fez em 2014 um desfile reproduzindo uma manifestação de rua, provando que sabe brincar com os clichês sobre as greves que volta e meia paralisam a França.

Piadas à parte, nenhuma marca quer ver o fruto de seis meses de trabalho destruído por uma passeata de verdade na porta de seu desfile e algumas delas já tomaram suas providências. Sem dar muitas explicações, a Dior antecipou a data de seu desfile, previsto inicialmente para sábado (19). Thom Browne, Namacheko e Sacai também mudaram os horários de seus shows, apresentando as coleções às 9h, antes que os manifestantes comecem o protesto, que já foi convocado nas redes sociais. Hermès se manteve soberana em seu horário das 20h, quando geralmente as manifestações já acabaram.

A Federação francesa de Alta-costura e de Moda, organizadora deste evento, foi discreta sobre o risco de transtornos. A entidade se limitou a dizer que está trabalhando "com as empresas e as autoridades para que os desfiles sejam realizados nas melhores condições".

Mas tem gente que aproveitou a deixa. E nem estamos falando da Fendi, que nem precisa de desculpa para usar a cor, ja que o amarelo é a sua marca registrada. Nessa terça-feira, quando foi dada a largada da Fashion Week masculina – que vai até domingo – o estilista americano Heron Preston, que abriu o calendário, não perdeu a ocasião de misturar a seu laranja tradicional algumas peças amarelas, entre camisetas, jaquetas. Tinha até um total-look amarelo ouro. Oportunismo ou apenas o anúncio de uma "maxi-tendência" que irá além das passeatas? 

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