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Marcha contra o feminicídio e violências de gênero leva milhares de pessoas às ruas na França

Uma maré de gente vestida de roxo, empunhando cartazes roxos e até máscaras de proteção facial com a cor representativa do feminismo, varreu as ruas de várias cidades francesas, neste sábado (25), para marcar o Dia Internacional Contra a Violência Contra a Mulher. Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram para exigir mais recursos do governo na luta contra o feminicídio e violências de gênero.

Uma maré de gente vestida de roxo, empunhando cartazes roxos e até máscaras de proteção facial com a cor representativa do feminismo, varreu as ruas de várias cidades francesas, neste sábado (25), para marcar o Dia Internacional Contra a Violência Contra a Mulher.
Uma maré de gente vestida de roxo, empunhando cartazes roxos e até máscaras de proteção facial com a cor representativa do feminismo, varreu as ruas de várias cidades francesas, neste sábado (25), para marcar o Dia Internacional Contra a Violência Contra a Mulher. © AFP - ALAIN JOCARD
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"Elas eram nossas mães, nossas filhas, nossas irmãs, nossas amigas", diziam cartazes à frente da passeata em Paris, os manifestantes seguravam retratos de mulheres mortas por seus parceiros. 

Entre as vítimas representadas nos retratos estava Solveig, mãe de um menino de três anos cujo tio o levou para a passeata em seu carrinho de bebê. "Quero que ele veja que há outras mães desaparecidas", relatou Sigvald Yvetot, de 48 anos, à AFP

"Não queremos mais contar os mortos, não queremos mais ter de nos manifestar", disse Maëlle Noir, da coordenação nacional do coletivo Nous Toutes (Nós Todas), que havia convocado a passeata juntamente com outras associações feministas e sindicatos, unidos a vários partidos de esquerda. 

A marcha reuniu 80 mil pessoas entre Praça da Nação e a Praça da República, de acordo com a Nous Toutes e a CGT (Confederação Geral do Trabalho), mas pessoas segundo a prefeitura de polícia, havia 16.500 participantes. 

Em 2022, foram registrados 118 feminicídios, um número quase estável em comparação com 2021, de acordo com os números oficiais. Nos primeiros 11 meses de 2023, as associações feministas registraram 121 feminicídios. 

A "persistência da violência contra as mulheres não é inevitável", "devemos acabar com ela e vamos acabar", declarou Emmanuel Macron em um vídeo postado nas redes sociais pela manhã. 

Ele listou as medidas já implementadas na França, como a ampliação do horário de funcionamento do 3919 (telefone para denúncias de mulheres vítimas), criação de uma plataforma de suporte digital, facilitação da apresentação de queixas, aumento do número de investigadores dedicados, implantação de "telefones de perigo grave" e "pulseiras de perigo imediato", criação de locais de acomodação de emergência e saudou os esforços "que deram frutos". 

Os manifestantes pedem um plano de pelo menos € 2 bilhões para combater a violência sexual e sexista, "quando o governo está gastando apenas € 185 milhões", de acordo com Suzy Rojtam, do coletivo Grève Féministe. 

 

"Não falamos mais sobre isso, mas na realidade isso não está acontecendo. Todos os dias, meu empregador olha para o meu peito para falar comigo", diz Lucie, 33 anos, que trabalha em um centro de treinamento em Paris e prefere não mencionar seu sobrenome. 

Manifestações em toda a França

Em toda a França, os manifestantes - muitas mulheres, mas alguns homens também - marcharam em uma atmosfera festiva e dançante, ao som de tambores e canções feministas pontuadas por ondas de apitos. 

Sob uma maré de cartazes roxos: "Protejam suas filhas, eduquem seus filhos", a cidade de Lyon também foi às ruas.

Em Lille, cartazes diziam: "Na França, um estupro ocorre a cada 6 minutos.

"Você não nasce mulher, você morre mulher", "Dance sem ser drogada", "Quando eu sair, quero ser livre, não corajosa", foram algumas das mensagens empunhadas pelas manifestantes em Estrasburgo.

Em Toulouse, Aty, uma iraniana de 35 anos com uma marca de mão vermelha brilhante pintada no rosto, segurava um cartaz que dizia: "Estuprador, nós vemos você, vítima, nós acreditamos em você". 

"Venho de uma geração em que, quando havia um problema de violência ou abuso na infância, as coisas eram escondidas e mantidas em segredo. Hoje, as pessoas podem se manifestar", diz Anne Tatareau, 62 anos, uma jovem aposentada que estava marchando em Bordeaux. 

A guerra entre Israel e o Hamas também foi destaque na manifestação de Paris. Alguns manifestantes agitaram bandeiras palestinas em apoio às mulheres dos territórios palestinos, enquanto outros seguraram cartazes com os dizeres "Hamas estupra". 

Cerca de 200 manifestantes vieram para "denunciar os feminicídios cometidos contra mulheres israelenses pelo Hamas", explicou Maya, que não quis dar seu sobrenome. "Mas a polícia pediu que retirássemos nossa faixa 'para nossa própria segurança' e não marchamos", contou.

(Com informações da AFP)

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