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"Atlas dos agrotóxicos" aponta excessos do Brasil e da América do Sul, destaca jornal francês

A Fundação Heinrich Böll, da Alemanha, e várias organizações francesas acabam de publicar o "Atlas dos Agrotóxicos", que produziram em parceria. Os resultados do estudo, detalhados na edição desta terça-feira (16) do jornal francês Libération, apontam os estragos causados por esses produtos na França e no mundo.

Trator despeja agrotóxicos em vinhedo próximo de Carcassone, no sul da França. 6 de agosto de 2020..
Trator despeja agrotóxicos em vinhedo próximo de Carcassone, no sul da França. 6 de agosto de 2020.. AFP - GEORGES GOBET
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No mapa mundial publicado pelo Libération, a América do Sul é o continente campeão do mundo no uso de agrotóxicos. A região é mencionada por ter dobrado, em 20 anos, o uso de pesticidas em suas lavouras. Em 2020, foram consumidas 770.393 toneladas de agrotóxicos na região, 119,4% a mais do que em 1999. O atlas mostra que "49% dos agrotóxicos vendidos no Brasil são extremamente perigosos" para a saúde humana, animal e para os ecossistemas. A região consome mais do que a Ásia, segunda colocada no ranking mundial.

A publicação lembra o peso das quatro maiores empresas de agrotóxicos do mundo – Syngenta, Bayer, Corteva e BASF –, que controlam 70% do mercado internacional. O escândalo dos produtos químicos cujo uso é proibido na União Europeia (UE), mas que ainda são produzidos para exportação, e retornam aos pratos no bloco, é particularmente destacado no atlas. É o caso do limão verde brasileiro, cita o Libération. Recentemente, a ONG Greenpeace revelou que de 50 amostras de limão verde importado do Brasil, vendido em supermercados europeus, quase todos os exemplares tinham resíduos de agrotóxicos proibidos na Europa. 

Em dezembro, destaca o Libération, a maioria dos cidadãos franceses (88%) e alemães (82%) se pronunciaram a favor da proibição do uso desses produtos, de acordo com uma pesquisa do instituto Ipsos. A maioria da população, nos dois países, tem consciência dos riscos que os agrotóxicos representam para a saúde. Apesar das dificuldades econômicas que uma interdição possa representar, mais de três quartos dos entrevistados acreditavam que é necessário dar "mais apoio aos agricultores" na UE para reduzir a utilização de produtos fitossanitários.

A versão francesa do "Atlas dos Agrotóxicos" dedica várias páginas à situação na França. As áreas de viticultura, de cultivo de frutas e cereais são as mais atingidas pelo uso de pesticidas, enquanto as regiões montanhosas e de pecuária extensiva são mais protegidas. Reduzir o uso de fungicidas nos vinhedos franceses é considerado um desafio pelos autores do atlas, embora a produção de vinhos orgânicos registre progressos.

Declínio de pássaros na Europa

A agricultura intensiva, que recorre ao uso de fertilizantes e agrotóxicos, é apontada como principal causa de um outro fenômeno descrito na imprensa francesa. A Europa perdeu, em 40 anos, 25% dos seus pássaros, o equivalente a 800 milhões de passarinhos, de acordo com o maior estudo científico já realizado sobre o tema, publicado na revista científica PNAS. 

Todo ano, 20 milhões de passarinhos morrem no continente, relata o jornal Les Echos. Além da agricultura intensiva, o aumento da temperatura terrestre e a urbanização contribuem para esse fenômeno de declínio dos pássaros, cuja morte lenta ameaça o conjunto dos ecossistemas.

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