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Ultra fast fashion na terra da alta-costura: Shein inaugura loja em Paris e causa polêmica

Shein, a gigante chinesa de ultra fast fashion com vendas online, agora tem mais uma “vitrine física” em Paris. A marca inaugurou nesta sexta-feira (5) uma loja efêmera no Marais, um dos bairros mais caros e sofisticados da capital francesa. A iniciativa pode agradar ao público adepto aos produtos de baixo custo, mas desagrada, e muito, aos mais atentos ao desenvolvimento sustentável e à ética nas condições de trabalho.

Vendedoras aguardam a chegada de convidados para a inauguração de uma loja pop-up da marca de moda chinesa Shein em Paris, em 4 de maio de 2023.
Vendedoras aguardam a chegada de convidados para a inauguração de uma loja pop-up da marca de moda chinesa Shein em Paris, em 4 de maio de 2023. AFP - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
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Pelo menos até a próxima segunda-feira (8), os clientes, principalmente mulheres e jovens, prometem engrossar a fila em frente a esta pop-up store para comprar os produtos da Shein, conhecidos pelo custo acessível, mas, também, pela qualidade e origem duvidosas. Ao lado desta fila, crescem também as reações contrárias à presença da empresa chinesa em território francês.

O conceito da Shein divide principalmente o público jovem na França – enquanto uns, sem um grande poder aquisitivo, veem na marca a possibilidade de estar sempre na moda, outros, mais engajados à proteção ambiental, se mostram resistentes ao modelo de negócio da empresa.

Sua produção rápida e de baixo custo é acusada de ser financiada por estratégias pouco – ou nada - comprometidas com as condições dignas de trabalho e com a preservação do meio ambiente. A Shein é suspeita, entre outras críticas trabalhistas, de explorar os uigures, uma minoria muçulmana em Xinjiang, na China, para produzir suas roupas.

 

 

A loja na capital francesa ocupa 400 m² e promete um preço médio de €13,64 (cerca de R$ 70) por artigo. A iniciativa, no entanto, não é inédita nem na França nem em Paris. Em março deste ano, a empresa realizou estratégia semelhante na cidade de Lyon. Em 2022, além de uma loja efêmera em Paris, desta vez em Les Halles, a marca também esteve presente em Toulouse, Marselha e Montpellier, sempre suscitando dúvidas por onde passa e não sendo bem recebida por ativistas de uma moda responsável, ambientalistas, concorrentes locais e produtores de artigos duráveis.

Moda tóxica

Um abaixo-assinado contra a presença da marca na França foi lançado pela mídia de moda responsável The Good Goods. A lista de argumentos para captar aderentes é longa, desde o uso de produtos petroquímicos em suas matérias-primas, transformação tóxica de produtos têxteis, a quantidade enorme de energia necessária para a produção de vestuário, até o fato de a China ter uma matriz energética baseada em recursos fósseis, passando pela poluição gerada tanto pelas milhares de remessas diárias em todo o mundo quanto pelo marketing digital.

Um estudo publicado pela Greenpeace da Alemanha em novembro de 2022 revelou a presença de produtos químicos perigosos em níveis acima dos limites regulamentares estabelecidos pela União Europeia em determinados produtos da marca chinesa, principalmente nos calçados.

Ainda que sob um sucesso controverso, essa “máquina chinesa” de roupas faturou € 30 bilhões em 2022. Fundada em 2008 pelo chinês Chris Xu, a Shein surge na Europa em 2015. Desde então, a marca assiste um crescimento exponencial, se tornando uma das principais líderes do mercado da indústria têxtil em poucos anos, beneficiada também pelo desenvolvimento do comércio online.

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