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Jornalista francês libertado após quase 2 anos de cativeiro no Mali é recebido por Macron

O jornalista francês Olivier Dubois, 48 anos, refém de jihadistas do Mali durante quase dois anos, chegou à França nesta terça-feira (21). Ele foi recebido pelo presidente Emmanuel Macron na base aérea de Villacoublay, nos arredores de Paris. Sorridente, vestindo uma calça preta e camiseta de mangas longas, ele correu ao descer do avião para abraçar a família e próximos, antes de cumprimentar Macron. 

O jornalista francês Olivier Dubois, ao chegar à gase aérea de Villacoublay, em 21/03/23.
O jornalista francês Olivier Dubois, ao chegar à gase aérea de Villacoublay, em 21/03/23. REUTERS - YVES HERMAN
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O francês foi libertado na véspera, junto com o americano Jeffrey Woodke. A libertação dos dois foi intermediada pelo Níger. 

Dubois, jornalista independente, foi sequestrado em 8 de abril de 2021, em Gao, no norte do Mali, pelo GSIM, principal aliança jihadista do Sahel, ligada à rede Al-Qaeda.

Dubois colaborava principalmente com o jornal Libération e a revista Le Point. Ele vivia e trabalhava no Mali desde 2015.  Suas primeiras palavras depois de libertado foram de agradecimento ao Níger, pelo ‘savoir-faire’ neste tipo de missão e também para a França.

Olivier Dubois agradeceu particularmente a RFI por ter sido para ele “um elo com o mundo”. Todo dia 8 de cada mês, desde o seu sequestro, a RFI emitia mensagens de apoio ao jornalista até o sinal ter sido cortado pelas autoridades do país, em março de 2022.

Não se sabe se Dubois permaneceu ou não no Mali durante toda a sua detenção. É o último francês de que se tem notícia que era mantido refém por uma organização desde a libertação, em outubro de 2020, de Sophie Pétronin, também sequestrada no Mali.

"É sensacional para mim estar aqui, livre e eu queria homenagear o Níger por seu papel nesta delicada missão e homenagear a França e todos aqueles que me permitiram estar aqui hoje", disse na segunda-feira.

O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou seu "tremendo alívio" na segunda-feira e expressou sua "grande gratidão ao Níger por esta libertação", após falar com o jornalista por telefone.

Intermediação do Níger

Ao lado de Olivier Dubois, Jeffery Woodke, de cabelos brancos e apoiado em uma bengala, agradeceu “aos governos nigeriano, americano e francês".

O americano ajudava populações nômades há trinta anos através de uma ONG em Abalak, no centro do Níger.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse estar contente porqu Woodke “estaria em breve ao lado de sua esposa, Els, e sua família", segundo um comunicado.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que esteve em Niamey na semana passada, agradeceu ao governo do Níger por sua "assistência significativa" na libertação de Woodke.

Os detalhes da libertação de Dubois e Woodke ainda não são conhecidos.  

"Os reféns foram recuperados sãos e salvos pelas autoridades do Níger antes de serem entregues às autoridades francesas e americanas", disse o ministro do Interior do Níger, Hamadou Souley, na segunda-feira no aeroporto.

"Fim do pesadelo"

Durante 711 dias de detenção, apenas dois vídeos de Olivier Dubois foram publicados nas redes sociais.

O primeiro foi em 5 de maio de 2021, quando ele mesmo anunciou seu sequestro. Depois, após quase um ano de silêncio, um vídeo foi divulgado em 13 de março de 2022, sem indicação da data quando as imagens haviam sido feitas.

"É incrível, é algo que esperamos há dois anos. Para ele o pesadelo acabou, e para sua família também. Ele poderá retomar sua vida, mesmo que seja difícil para ele esquecer isso", disse à AFP a irmã de Olivier Dubois, Canèle Bernard.

A redação do jornal Libération também expressou sua "enorme alegria".

O Mali, assim como seus vizinhos Níger e Burkina Faso, passa por uma grave crise de segurança com ataques jihadistas recorrentes.

Os sequestros são um dos perigos enfrentados por jornalistas e trabalhadores humanitários, tanto locais quanto estrangeiros, no Sahel.

Dois funcionários da filial do Mali do Comitê Internacional da Cruz Vermelha sequestrados entre Gao e Kidal, no norte do Mali, há duas semanas, também foram libertados na noite de domingo.

Pelo menos três reféns ocidentais ainda estão detidos no Sahel: o cirurgião australiano Arthur Kenneth Elliott, sequestrado em Burkina Faso em 15 de janeiro de 2016, e o oficial de segurança romeno Iulian Ghergut, sequestrado em 4 de abril de 2015 em Burkina Faso. Um religioso alemão, Hans-Joachim Lohre, de quem não se tem notícias desde novembro de 2022, é considerado sequestrado no Mali.

(com AFP)

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