Instrutor de voo da Air France é interrogado em julgamento sobre queda do voo AF447
O instrutor e piloto da companhia aérea Air France, Pascal Weil, será interrogado nesta quarta-feira (9) no Tribunal correcional da capital francesa, durante o julgamento sobre o acidente do voo AF447 entre Rio e Paris, em 2009, que deixou 228 mortos. As empresas Air France e Airbus são acusadas de homicídio culposo, mas negam qualquer responsabilidade na catástrofe.
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O representante da companhia aérea comparecerá ao tribunal nesta tarde e na quinta-feira (11) e o interrogatório de Christophe Cail, piloto de testes da Airbus, está previsto para segunda (13) e terça-feira (14). O julgamento começou no dia 10 de outubro. Mais de 13 anos após o acidente, a Air France é acusada de não ter formado de forma adequada seus pilotos, o que teria impedido a tripulação do Airbus330 de evitar a queda da aeronave.
Na noite de 31 de maio de 2009, o avião atravessava uma zona de convergência intertropical, fenômeno metereológico próximo ao equador. Três sensores Pitot congelaram, dando sequência a uma série de panes no Airbus330.
As sondas medem a velocidade do avião com base na pressão exercida pelo ar em uma das extremidades. Após o incidente técnico, o piloto automático foi desconectado e a aeronave passou a emitir uma série de alarmes que indicavam a perda de sustentação.
Os pilotos se confundiram com as indicações errôneas do painel de controle no cockpit e executaram manobras para ganhar altitude, desestabilizando totalmente o avião. Ele caiu 4 minutos e 23 segundos depois do congelamento dos sensores, que já haviam apresentado defeitos similares nos meses anteriores.
No processo, a Airbus, construtora do avião, é acusada de ter subestimado a gravidade desses incidentes e a repercussão nas tripulações, e não ter informado rapidamente as companhias aéreas do problema.
Airbus continua acusando pilotos
Após um mês de audiência, "os debates não revelaram nada de novo que possa eventualmente responsabilizar a Airbus", disse Simon Ndiaye, um dos advogados da empresa. Segundo ele, o interrogatório dos dias 14 e 15 de novembro será a ocasião de "expor detalhes elementos técnicos que parecem importantes."
Ele ressaltou que o acidente é resultado de ações "inapropriadas" da tripulação, como demonstraram o relatório da BEA, a agência francesa que investiga acidentes aéreos, e a perícia feita pela Justiça francesa. "A tripulação dispunha de todos os elementos em termos de parâmetros para gerenciar a situação e, portanto, não foi o avião e nem os procedimentos que conduziram a esse drama", declarou.
No primeiro dia do processo, o presidente executivo da Airbus, Guillaume Faury, e a diretora-geral da Air France, Anne Rigail, declararam sua "compaixão" pelas vítimas e contestaram a acusação, o que suscitou revolta dos familiares das vítimas.
Até agora, o tribunal já ouviu trinta testemunhas: policiais, peritos da Aeronáutica, ex-responsáveis do controle da segurança aérea e ex-funcionários das empresas, além de pilotos da Air France e de outras companhias. Uma eventual "parcialidade" da perícia judiciária é contestada pela defesa.
No dia 17 de outubro, os familiares ouviram pela primeira vez, a portas fechadas, a gravação do CVR (Cockpit Voice Recorder), uma das caixas-pretas recuperadas em 2011. O registro traz os diálogos dos pilotos e os barulhos no momento do acidente, que já haviam sido se tornado públicos extra-oficialmente.
Após os interrogatórios, os legistas e peritos que participaram da investigação serão ouvidos e os parentes das vítimas devem testemunhar entre os dias 23 e 30 de novembro. O julgamento termina no dia 8 de dezembro, mas a decisão deve ser anunciada após vários meses.
(Com informações da AFP)
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