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Estudo afirma que homens foram mais afetados pela Covid do que mulheres, revela jornal francês

Pesquisadores do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED) da França analisaram a proporção de mortalidade por sexo desde o início desta pandemia. O estudo, publicado nesta quarta-feira (23) pelo jornal Le Parisien, revela que os homens são mais propensos a morrer do que as mulheres em tempos normais, mas que essa lacuna foi acentuada pela Covid-19. 

Pesquisadores do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED), na França, analisaram a proporção de mortalidade por sexo desde o início desta pandemia. Imagem ilustrativa.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED), na França, analisaram a proporção de mortalidade por sexo desde o início desta pandemia. Imagem ilustrativa. AFP - TOBIAS SCHWARZ
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É um fato, afirma o periódico francês: os homens foram mais afetados do que as mulheres pelo SARS-CoV-2. Menos de um em cada dois habitantes é homem, mas 57% dos pacientes de Covid que morreram em hospitais franceses são do sexo masculino, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Pública do país. A desproporção é, portanto, impressionante.

Mesmo fora do contexto da pandemia, pessoas de mesma idade podem estar mais ou menos expostas a riscos de vida dependendo do sexo. Por exemplo, um homem de 70 anos tem duas vezes mais chances de morrer do que uma mulher da mesma idade. As razões são muitas e conhecidas: os homens cuidam menos da saúde do que as mulheres, fumam mais e consomem mais bebidas alcoólicas, arriscam-se mais no trabalho ou durante seus tempos livres.

A análise do INED mostra que, entre os maiores de 55 anos, o excedente de mortalidade entre os homens em relação às mulheres é ainda maior se observadas apenas as mortes ligadas à Covid. Para isso, foram utilizadas certidões de óbito que mencionam a doença (seja causa direta ou não), cuja relação é mantida pelo Centro de Epidemiologia de Causas Médicas de Morte.

O resultado é claro: um homem de 65 a 74 anos, por exemplo, tem 2,4 vezes mais chances de morrer de SARS-CoV-2 do que uma mulher. Excluindo a Covid, esse índice é de apenas 2,1, informa o Parisien. A diretora de pesquisa do instituto e coautora do relatório, France Meslé, disse ao diário que “o excesso de mortalidade masculina com Covid é superior ao observado para todas as causas de morte em tempos normais”.

Homens mais expostos

Mas como explicar esta tendência? A primeira hipótese apresentada pelos autores é que os homens estão mais expostos à infecção em função do seu comportamento – menos respeito às medidas de proteção sanitária, maior interação social, menos trabalho a distância. As mulheres testaram positivo mais do que os homens, mas essa lacuna também pode ser explicada pelo fato de as mulheres terem sido muito mais testadas.

Além destes, outros ascpetos podem ter influenciado. Primeiro, eles costumam ter fatores de risco para a forma grave. “Na população com 65 anos ou mais, o risco de sofrer de uma comorbidade agravante ou obesidade é maior nos homens do que nas mulheres”, afirma um estudo do Departamento de Pesquisa publicado em julho de 2020 mencionado pelo Parisien. As mulheres também poderiam se beneficiar, geneticamente, de uma melhor imunidade do que os homens.

Por outro lado, o maior risco de morrer de Covid dos homens diminuiu ao longo do tempo, possivelmente devido à vacinação. Os homens são mais imunizados do que as mulheres (quase 95%, contra menos de 92% de cobertura vacinal entre 60-69 anos, por exemplo). A constatação foi “surpreendente”, escrevem os autores, uma vez que “observa-se que os homens têm menos comportamentos preventivos de saúde do que as mulheres”.

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