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Restaurante de iguaria canadense que leva nome do presidente russo é alvo de insultos na França

A confusão começou após a invasão da Ucrânia, quando franceses desavisados viram, entre as opções de delivery de seus aplicativos de comida, o nome "Poutine", grafia usada em francês para o "Putin". A "Maison de la Poutine", ou "A Casa do Putin", pequena cadeia composta por três restaurantes de uma iguaria canadense na França, dois deles em Paris, agora recebe 5 ou 6 chamadas por hora, com insultos e ameaças, como "Pare de bombardear a Ucrânia" ou "Nós vamos bombardear você".

A "poutine", prato gorduroso de batatas fritas com queijos e vários complementos, ao gosto do cliente, originário da região do Québec, no Canadá.
A "poutine", prato gorduroso de batatas fritas com queijos e vários complementos, ao gosto do cliente, originário da região do Québec, no Canadá. © Wikipedia
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Desde 23 de fevereiro, "não é bom se chamar Putin. Mesmo que você não tenha nada a ver com a Rússia", ironiza o jornal Le Parisien. "Mesmo que você não tenha nada a ver com Vladimir Putin e a guerra na Ucrânia. Mesmo que você esteja vendendo um lendário prato 100% de Québec chamado 'Poutine', que tem meio século de idade, e é feito de batatas fritas bastante gordurosas e coalhada de queijo derretida, todos banhados copiosamente em um molho grosso de carne", completa o diário da capital.

A "Casa de Putin" resolveu postar oficialmente em suas redes sociais uma mensagem a seus clientes e público em geral, emoldurada por três símbolos - a bandeira da Ucrânia, um par de chifres de alce, numa referência ao Canadá e sua iguaria, e um singelo coração. "A Maison de la Poutine oferece hoje seu mais sincero apoio ao povo ucraniano, que luta corajosamente por sua liberdade contra o regime tirânico russo", diz o texto.

"Nos últimos dias, o ditador russo Vladimir Putin tem estado no centro das notícias arrepiantes. Neste contexto, nós recebemos chamadas insultantes e até mesmo ameaças. Portanto, sentimos que é necessário lembrar que a Maison de la Poutine não está ligada ao regime russo e ao seu líder", explica o comunicado:

Em seus três restaurantes, as equipes também tiveram que lidar com alguns visitantes "hostis e ignorantes", como conta o Le Parisien. "Não muitos", diz um membro da equipe de Paris. "Nós temos clientes bastante fiéis. Eles normalmente sabem o que nós vendemos e de onde vem. Mas meus colegas tiveram que lidar com um maluco antes das coisas irem para o inferno. Nós não apresentamos queixa", continua Guillaume Natas, o proprietário da rede, em entrevista ao jornal francês. "Eu acho que a polícia tem outras coisas a fazer. Mas nós fomos alvejados nessa coisa... É incrível", espanta-se.

Este comunicado de imprensa, insiste Natas, "é para que isso pare". "É muito estressante para as equipes. E eu não estou falando do moderador que cuida das redes sociais e lida com certas mensagens que acabam com o moral. Mesmo que sejam apenas chamadas agressivas, sabemos que na Ucrânia há pessoas que estão sendo bombardeadas", reconhece.

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