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Ao menos 5 migrantes morrem tentando alcançar um barco nas águas gélidas do Canal da Mancha

Pelo menos cinco migrantes morreram na madrugada de sábado para domingo (14) perto de uma praia em Wimereux (Pas-de-Calais), no norte da França. Eles tentavam alcançar um barco a nado no Canal da Mancha, para depois chegar à Inglaterra. Esta é a primeira tragédia fatal com migrantes, em 2024, na costa francesa.

Foto ilustrativa: serviços de resgate levam migrantes para o porto de Dover, no Reino Unido, depois de resgatá-los de um naufrágio no Canal da Mancha, em 12 de agosto de 2023.
Foto ilustrativa: serviços de resgate levam migrantes para o porto de Dover, no Reino Unido, depois de resgatá-los de um naufrágio no Canal da Mancha, em 12 de agosto de 2023. © Stuart Brock / Reuters
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Inicialmente, autoridades marítimas encarregadas do patrulhamento no Canal da Mancha e no Mar do Norte anunciaram a morte de quatro migrantes. Uma quinta pessoa foi transferida "em caráter de emergência absoluta" para um hospital de Boulogne-sur-Mer, na mesma região. Entretanto, algumas horas depois do anúncio, o corpo de outro migrante foi encontrado na praia, elevando para cinco o número de óbitos. Trinta e duas pessoas foram resgatadas pela polícia marítima.

Por volta da 1h45 da manhã, segundo os agentes franceses, "as pessoas se viram em dificuldades no mar para alcançar" um barco que já estava na água, segundo relato da polícia em terra.

O rebocador Abeille Normandie, em patrulha na área, navegou na direção dos migrantes para resgatá-los. "Nesse momento", a tripulação "identificou pessoas inconscientes e sem vida" boiando na água. A temperatura do mar era de 9°C, segundo a polícia francesa.

Os sobreviventes foram levados para um hangar em Calais, disponibilizado para os migrantes como parte do plano de "frio extremo" neste inverno na França.

Notícias "de partir o coração" 

"Famílias inteiras com crianças, algumas delas muito pequenas" estavam entre passageiros, de acordo com uma das pessoas encarregadas de recebê-los, que não quis se identificar para a imprensa.

"Outras operações de vigilância e resgate estão em andamento ao longo de todo o litoral de Pas-de-Calais", disseram as autoridades policiais do lado francês do Canal da Mancha.

Uma investigação foi aberta e entregue à agência que combate o tráfico ilegal de migrantes, conhecida pela sigla Olfim, e à polícia marítima de Calais, principalmente por "homicídio culposo com agravante", "auxílio à permanência ilegal de migrantes em quadrilha organizada" e "conspiração criminosa", segundo o gabinete do promotor público de Boulogne-sur-Mer.

Os migrantes estão sendo ouvidos "como testemunhas" e autópsias devem ser realizadas para determinar as causas das mortes, que podem ter sido causadas por "afogamento" ou "choque térmico", acrescentou.

O ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron, disse à rádio BBC que essa notícia era "de partir o coração". Mas o caso também "mostra o quanto temos que deter esses barcos, acabar com esse tráfico e as mortes dos seres humanos por trás dele", acrescentou o político britânico.

"Em um mundo ideal, nós simplesmente enviaríamos essas pessoas de volta para a França e o tráfico seria eliminado. Mas isso não é possível, e é por isso que estamos adotando essa política com Ruanda", continuou.  

"Tráfico desprezível"   

Os deputados britânicos devem votar esta semana o projeto de lei que permite ao governo deportar para Ruanda os migrantes que chegaram ilegalmente em solo britânico.

"Perdemos o controle de nossas fronteiras e precisamos fazer algo para deter os barcos. Acho que o ponto de partida para isso é enfrentar as gangues criminosas que fazem esse tráfico desprezível", disse Keir Starmer, líder da oposição trabalhista britânica.

No cais de Wimereux, cenário da tragédia, apenas algumas roupas e sapatos abandonados pelos náufragos permaneciam neste domingo, sob um céu cinzento e garoa fina.

Doze migrantes perderam a vida em 2023 tentando atravessar o Canal da Mancha, de acordo com a contagem das autoridades francesas. Desde a década de 1990, centenas de candidatos ao exílio foram amontoados em tendas e abrigos improvisados em Calais e Dunquerque, localidades onde aguardavam a oportunidade de atravessar o Canal da Mancha e chegar à Inglaterra, escondidos em caminhões ou de barco.

Em 2023, quase 30.000 migrantes chegaram ilegalmente à costa inglesa, em comparação com mais de 45.000 em 2022, um ano recorde, de acordo com o Ministério do Interior britânico. Cerca de um quinto dos migrantes eram provenientes do Afeganistão. Eles são seguidos por iranianos, turcos, eritreus e iraquianos.

(Com AFP)

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