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Poloneses vão às urnas neste domingo insatisfeitos com o sistema de saúde do país

As eleições parlamentares deste domingo (15) na Polônia poderá ter uma participação muito maior do que no passado. E se há um assunto que é unânime entre os poloneses é o sistema de saúde do país, considerado caro e deficiente. 

Un hôpital universitaire en Pologne.
Un hôpital universitaire en Pologne. © AFP/Natalia Dobryszycka
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Da correspondente em Varsóvia, Agnieszka Kumor

No mercado de frutas e verduras de Hala Mirowska, no coração da capital Varsóvia, os vendedores são acolhedores, mas os clientes são difíceis, salienta Janina com humor. Questionada sobre o funcionamento do sistema nacional de saúde, esta ex-professora de quase noventa anos não faz rodeios: “Não funciona. É preciso esperar dois, três ou até seis meses antes de consultar um médico especialista", lamenta a idosa.

Funcionários mal pagos, orçamentos estourados..., suspira Rafal. Este executivo de trinta anos já se trata no setor privado de saúde há muito tempo. “Nem me lembro da última vez que pisei em um hospital público. Prefiro evitar esse sistema de saúde que todo mundo reclama", ele diz.

Como muitos dos seus compatriotas, o jovem contratou um seguro de saúde junto a um dos prestadores privados, presentes em grande número neste mercado florescente. A vantagem é que o tempo de espera por uma consulta é muito menor e a qualidade do atendimento e dos equipamentos médicos é bastante superior à do setor público.

Mas aqui, novamente, começam a faltar especialistas. De acordo com um inquérito realizado pelo CBOS (Instituto Polonês de Sondagens de Opinião, com sede em Varsóvia) 70% dos habitantes estão insatisfeitos com o funcionamento do sistema de saúde no seu país e apenas 27% têm uma opinião positiva sobre o mesmo. Por outro lado, a maioria reconhece ser tratada de forma justa nos hospitais públicos e aprecia a qualidade e o empenho dos profissionais de saúde.

A lacuna da segurança social

“Deficitário”, a palavra é usada por Stanislas para descrever o sistema de saúde de seu país. “O problema é que as contribuições continuam aumentando. E como sou aposentado e dono de uma loja, contribuo duas vezes”, explica. Uma aberração para este homem que se diz cético quanto à futura reforma do sistema de saúde.

Apesar do aumento do orçamento do Fundo Nacional de Saúde, a qualidade dos serviços na Polônia deixa a desejar. Além disso, o preço dos medicamentos para os pacientes é um dos mais caros da Europa.

A Polônia vai às urnas para eleições gerais nas quais o governo nacionalista de direita tenta um inédito terceiro mandato seguido no comando do país. E para isso, o partido ultraconservador Lei e da Justiça (PiS), lança mão mais uma vez da tática de criar um inimigo externo para caçar votos do eleitorado. Nas eleições de 2015, alimentou o medo dos refugiados e, em 2019, dos homossexuais. Agora o partido caça votos insuflando medo da Alemanha – o vizinho que no passado invadiu, dividiu e ocupou a Polônia. Na propaganda eleitoral, a sigla governista alerta: "A escolha é sua, entre a Alemanha ou a Polônia".

Só que agora, a corrida eleitoral é uma das mais acirradas dos últimos tempos. E existe a chance real de uma mudança política.

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