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Linha Direta

Polônia: extrema direita tenta terceiro mandato inédito em eleições gerais

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Neste domingo (15), a Polônia vai às urnas para eleições gerais nas quais o governo nacionalista de direita tenta um inédito terceiro mandato seguido no comando do país. E para isso, o partido ultraconservador Lei e da Justiça (PiS), lança mão mais uma vez da tática de criar um inimigo externo para caçar votos do eleitorado. Só que agora, a corrida eleitoral é uma das mais acirradas dos últimos tempos. E existe a chance real de uma mudança política.

Cartazes de campanha política pendurados em um prédio em Gorno, Polônia, quarta-feira, 11 de outubro de 2023.
Cartazes de campanha política pendurados em um prédio em Gorno, Polônia, quarta-feira, 11 de outubro de 2023. AP - Michal Dyjuk
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Um novo parlamento será eleito na Polônia neste domingo, e o partido do governo, o PiS, está sob pressão crescente.

Nas últimas pesquisas, o PiS ainda é a força política mais forte, com 32 pontos percentuais. Mas, segundo as sondagens, os ultraconservadores, que governam desde 2015, têm cerca de 10 pontos percentuais a menos que há quatro anos, quando o PiS venceu as eleições com uns cerca de 43% dos votos.

E o PiS precisa de inimigos externos para se apresentar como um defensor dos interesses do povo polonês. Nas eleições de 2015, alimentou o medo dos refugiados e, em 2019, dos homossexuais. Agora o partido caça votos insuflando medo da Alemanha – o vizinho que no passado invadiu, dividiu e ocupou a Polônia. Na propaganda eleitoral, a sigla governista alerta: "A escolha é sua, entre a Alemanha ou a Polônia".

A Alemanha é tratada como o vizinho arrogante, um rival que comandaria a União Europeia. União Europeia que tenta, segundo o governo polonês, obrigar Varsóvia a receber mais refugiados; que bloqueia atualmente milhões de euros de fundos de ajuda como punição pelas controversas reformas do Judiciário polonês, vistas pelas autoridades europeias como uma agressão ao Estado de direito e à democracia.

É importante lembrar que há anos que o governo em Varsóvia está em rumo de colisão com Bruxelas por causa de seu viés autoritário e nacionalista; entre outras coisas, pelo cerceamento da imprensa, do sistema judiciário do país e pelas políticas contra os direitos das mulheres e da comunidade LGBT+.

Interesses externos

E a oposição é vista como uma representante dos interesses estrangeiros. O principal alvo dos ataques do governo é o líder da oposição Donald Tusk, cujo partido está em segundo lugar nas pesquisas.

O político de centro-direita que já foi primeiro-ministro polonês e presidente do Conselho Europeu é tratado pelo governo como um agente a serviço da Alemanha e da União Europeia.

No começo do mês, Donald Tusk conseguiu levar milhares de pessoas às ruas para um protesto contra o governo. Mas é difícil prever chances ele tem de tirar os ultraconservadores do poder.

O partido governista continua isolado na liderança, segundo as sondagens, com cerca de 37% das intenções de voto, enquanto a sigla de Tusk, a Plataforma Cívica, está com 30%.

Para conseguir formar um novo governo, o ex-premiê provavelmente precisaria de dois parceiros de coalizão, possivelmente com as siglas mais à esquerda.

Mas para que essa aliança de governo realmente se torne realidade, é necessário que esses prováveis parceiros consigam votos suficientes para entrar no parlamento polonês, o que é possível, mas não é certo, considerando as últimas pesquisas.

O PiS também não conseguiria governar sozinho, mas dependeria de apenas um parceiro de coalizão. Nesse caso, uma possível opção é o partido de ultradireita Confederação. A sigla tem atualmente 9% das intenções de voto.

Apesar de governar desde 2015 com uma política ultraconservadora, de viés antieuropeu, nacionalista e antidemocrático, que se destaca pelo crescente controle do Judiciário e da imprensa e pela restrição dos direitos das mulheres, o PiS consegue consegue agradar grande parte da população rural do país, que é conservadora e extremamente católica.

Agrados

O partido tem a preferência principalmente dos eleitores mais velhos, a quem agrada com sua propaganda nacionalista. Seus redutos eleitorais são as regiões leste e sudeste do país e as áreas rurais.

Além disso, é importante lembrar que o PiS é responsável por uma política assistencialista, que agrada os mais pobres e os aposentados. Nos últimos anos, partido aumentou a aposentadoria, elevou o valor do salário mínimo e também benefícios para famílias. O PiS criou até um 13° para aposentados e recentemente, praticamente às vésperas da eleição, lançou um 14º salário para aposentados de baixa renda.

E os presentes para os eleitores na boca da urna não ficam só por aí. Nas últimas semanas, o governo polonês vem sendo acusado de usar a máquina pública para baixar artificialmente o preço dos combustíveis. Atualmente, em nenhum país europeu a gasolina é tão barata quanto na Polônia.

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