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Igreja Anglicana decide abençoar uniões de casais do mesmo sexo

A decisão era muito esperada por casais homossexuais que desejam uma bênção religiosa para suas uniões civis. Reunidos em um Sínodo Geral na Abadia de Westminster, em Londres, representantes da Igreja da Inglaterra votaram pela aprovação de uma “bênção de Deus” a casais do mesmo sexo. Não há mudança, no entanto, nas regras que proíbem os padres anglicanos de celebrar casamentos de casais gays. 

Igreja Anglicana mostra suas divisões no debate sobre a bênção a casais do mesmo sexo.
Igreja Anglicana mostra suas divisões no debate sobre a bênção a casais do mesmo sexo. AFP - JUSTIN TALLIS
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Após dois dias de acaloradas discussões, os membros da Igreja Anglicana decidiram sobre propostas que haviam sido apresentadas no mês passado pelos bispos. Entre elas, os religiosos endossaram os planos para permitir que padres ofereçam a bênçãos a casais do mesmo sexo, um assunto que gerava profundas divisões na instituição.

Ao final de oito horas de tensos debates, os cerca de 500 integrantes desse órgão eleito, responsável por decidir sobre questões de doutrina, votaram por confortável maioria - 250 a favor, 181 contra e 10 abstenções - a favor de os casais homossexuais poderem receber uma bênção na igreja.

A decisão é o resultado de seis anos de consultas que trouxeram à tona as profundas divisões que permeiam a Igreja Anglicana e seus 85 milhões de fiéis sobre esta questão. A Igreja da Inglaterra está sob pressão para mudar seu posicionamento em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo desde que a medida se tornou legal na Inglaterra, em 2013. 

“Este é um direito estendido a todos os homens e mulheres heterossexuais na Inglaterra, independentemente de sua religião – mas não aos LGBTs. Isso é discriminação e discriminação não é um valor cristão”, defendia o ativista dos direitos gays no Reino Unido Peter Tatchell.

Igreja Anglicana aprova bênção a casais do mesmo sexo.
Igreja Anglicana aprova bênção a casais do mesmo sexo. AP - Alvaro Barrientos

Já religiosos mais conservadores e contrários a medida acreditavam que a permissão poderia gerar ainda mais divisões dentro da Igreja.

Em uma carta aberta, publicada em janeiro, os bispos anglicanos emitiram um pedido de desculpas sem precedentes, direcionado às pessoas LGBTQ+ pelas vezes em que enfrentaram uma "resposta hostil e homofóbica" nas paróquias.       

Se a Igreja de Inglaterra se mostra geralmente mais liberal na atitude a adotar frente à comunidade LGBT+, o mesmo não acontece com outras igrejas anglicanas, em particular em alguns países da África Subsaariana, onde a homossexualidade ainda é considerada um crime. Mesmo na Inglaterra, a proposta apresentada ao sínodo havia provocado fortes críticas.

"O Sínodo agora chegou a um resultado. Reconheço que alguns ficarão profundamente agradecidos e outros ficarão magoados com isso", disse a bispa de Londres, Sarah Mullally, após o anúncio do resultado. “Os arcebispos e eu esperamos que este debate profundo e coletivo marque um novo começo para a Igreja, em nossa vontade de seguir em frente ouvindo uns aos outros e, acima de tudo, a Deus”, disse ela.

A moção adotada nesta quinta-feira também reconhece “o fracasso da Igreja em acolher as pessoas LGBT+ e os danos que elas sofreram e ainda sofrem na vida da Igreja”.

(Com informações da AFP)

 

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