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Ucrânia: População tenta retomar a vida em Izium, onde centenas de corpos são exumados

Em Izium, na Ucrânia, a população tenta recuperar parte de sua rotina, após seis meses de ocupação russa, que deixou vestígios.  O centro da cidade foi 80% destruído. A maior parte da atenção se dá agora sobre a descoberta de cerca de 450 cadáveres, em fossas encontradas na periferia da cidade. Mas em meio ao caos, moradores que passaram seis meses de privações tentam encontrar um novo sentido para a vida.

População de Izioum renta retomar a vida numa cidade em que a infraestrutura foi destruída e faltam produtos básicos. Em 14 de setembro de 2022.
População de Izioum renta retomar a vida numa cidade em que a infraestrutura foi destruída e faltam produtos básicos. Em 14 de setembro de 2022. © Juan Barreto / AFP
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Stéphane Siohan, enviado da RFI a Izium, na Ucrânia

Em uma antiga garagem, que se transformou em um depósito de armas russo e foi totalmente destruída por mísseis ucranianos, Svetlana caminha pelas ruínas. A aposentada está em busca de comida ou o menor objeto a recuperar para melhorar o seu dia a dia.

“Todas as infraestruturas estão destruídas, tudo, todas as fábricas, tudo está destruído. Não há mais trabalho, apenas na construção, mas não será para todos. E o que assusta é que o inverno está chegando”, diz. “Vamos tentar sobreviver”, completa.

Os combates continuam mais a leste, em direção ao Donbass, enquanto em Izium, os soldados ucranianos recuperar o controle e detonam as minas russas ainda presentes na cidade.

Igor, ex-funcionário da empresa de gás, não consegue se acostumar ao que vê. “Ouça, há uma sirene. Eu não posso acreditar que fomos libertados, tenho medo que eles comecem a atirar de novo”, diz o desempregado.

“Vivemos com medo, porque ninguém sabe o que vai acontecer conosco, como vivemos. Não há mais eletricidade, não há mais água, estamos sem aquecimento, sem gás”, diz. “Nós só queremos viver como humanos”, completa.

As autoridades ucranianas deram o prazo de um mês para realizar reparos básicos na infraestrutura da cidade. Caso contrário, neste inverno, a vida dos habitantes pode se tornar muito difícil por causa do frio.

Além de terem a cidade praticamente destruída, os moradoes de Izium ainda vivem o drama da exumação de centenas de corpos encontrados nas florestas ao redor. Depois que o governo da Ucrânia anunciou a descoberta de 450 sepulturas em áreas reconquistadas das forças russas, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) indicou o desejo de enviar uma equipe ao local "em breve" para "determinar as circunstâncias das mortes dessas pessoas".

Kiev também denuncia a descoberta de "salas de tortura" em localidades da região de Kharkiv, recentemente retomada dos russos.

Especialistas se preparam para analisar os restos humanos encontrados perto de Izioum, em Kharkiv, 17 de setembro de 2022.
Especialistas se preparam para analisar os restos humanos encontrados perto de Izioum, em Kharkiv, 17 de setembro de 2022. AFP - JUAN BARRETO

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