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Secretário-geral da ONU espera que Tribunal Internacional investigue violação de direitos na Ucrânia

Na véspera da Assembléia Geral da ONU, o secretário-geral Antonio Guterres concedeu uma entrevista à RFI e à France24 na qual expressou sua esperança de que o Tribunal Penal Internacional (ICC) possa investigar o suposto massacre de centenas de pessoas em Izium, na Ucrânia, no contexto da invasão russa. Ele também falou sobre o progresso das negociações sobre o Irã, a situação no Haiti e o destino dos 46 soldados marfinenses detidos no Mali.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, durante sua entrevista com Marc Perelman (França 24) e Christophe Boisbouvier (RFI), em Nova York, em 17 de setembro de 2022.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, durante sua entrevista com Marc Perelman (França 24) e Christophe Boisbouvier (RFI), em Nova York, em 17 de setembro de 2022. © France 24
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Por Marc Perelman e Christophe Boisbouvier

Existe uma chance para a paz na Ucrânia? "Temo uma escalada militar. As perspectivas de uma negociação de paz são muito remotas. Os ucranianos e os russos pensam que podem vencer a guerra e não vejo nenhuma possibilidade de estabelecer uma negociação de paz séria a curto prazo", disse à RFI o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

"Assistimos violações constantes dos direitos humanos e da lei internacional humanitária na Ucrânia. O Alto Comissariado para os Refugiados irá até o local para fazer uma análise dessa informação", indicou Guterres. Para ele, o único ponto positivo até agora é o duplo acordo em julho sobre as exportações de grãos e fertilizantes ucranianos e russos, com as discussões atuais devendo possibilitar o fim dos bloqueios. "Precisamos realmente dos fertilizantes, o mercado está numa situação terrível", confessou. "Em todo o continente africano constatamos que cultivamos menos que no ano passado, é preciso voltar à normalidade", considerou.

"O acordo que propus ao Conselho de Segurança foi, primeiro, um consenso para não bombardear a central nuclear de Zaporíjia, em segundo lugar, definir um perímetro de onde as tropas russas possam se retirar com o compromisso dos ucranianos de não tentarem tomar militarmente a central. A ideia é manter a central sob controle estritamente civil", disse o secretário-geral da ONU.

"No momento não há risco imediato nem radiações excepcionais, apenas uma linha, a principal, está funcionando. Há a possibilidade de geração local de eletricidade pelo processo de esfriamento, é claro, senão teríamos Chernobyl. Defendemos fortemente que a agência de energia atômica continue no local como uma garantia importante para evitar o pior", considerou Guterres.

Irã, Haiti e República Democrática do Congo

Sobre a questão nuclear iraniana, Guterres diz que um acordo estava ao seu alcance, mas que agora ele enfrenta enormes dificuldades. "Eu estou em contato permanente com o Irã. Para ser franco, há duas semanas eu estava convencido que chegaríamos a um acordo [sobre o nuclear]. Depois, as coisas se complicaram. Eu ainda tenho esperança, mas vejo que há dificuldades enormes", confessou o secretário-geral da ONU à RFI. "Penso que o Acordo Nuclear com o Irã foi uma grande vitória diplomática nos últimos anos e é uma pena que os Estados Unidos o tenha abandonado", avaliou.

Sobre o aquecimento global, Guterres foi enfático: "Vemos que as emissões de carbono aumentam. No momento em que deveríamos abandonar as energias fósseis, notamos um renascimento deste tipo de combustível. Caminhamos em direção a um desastre se não mudarmos nosso comportamento, e não nos sobra mais muito tempo apara efetuar essa mudança", declarou. 

Na China, em Xinjiang, ele pediu o respeito aos direitos humanos e à identidade cultural e religiosa dos uigurs. No Haiti, Guterres recomenda um programa internacional para apoiar o treinamento e o equipamento da polícia nacional haitiana para se tornar uma "força robusta capaz de deter gangues".

A respeito dos 46 soldados marfinenses detidos no Mali desde 10 de julho, o secretário declarou categoricamente que eles não eram mercenários, e que ele estaria recebendo a delegação maliense na Assembléia Geral da ONU nos próximos dias e que estaria apelando para as autoridades de Bamako para resolver este problema.

Finalmente, a respeito da guerra no leste da República Democrática do Congo, Antonio Guterres observou que os rebeldes M23 tinham "equipamento pesado mais sofisticado do que o equipamento de Monusco". Este equipamento veio de Ruanda? "Eles vêm de algum lugar... mas não da floresta", respondeu Guterres com um olhar de cumplicidade.

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