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Ucrânia: após descoberta de valas comuns UE pede tribunal para crimes de guerra

A República Tcheca, que ocupa atualmente a presidência semestral da União Europeia (UE), pediu neste sábado (17) a criação de um tribunal internacional para crimes de guerra, após a descoberta de novas valas comuns na Ucrânia. Alguns corpos exumados apresentam sinais de tortura. O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou as “atrocidades” em Izium.

Corpos exumados na floresta de Izium, na Ucrânia, em 16 de setembro de 2022.
Corpos exumados na floresta de Izium, na Ucrânia, em 16 de setembro de 2022. AP - Evgeniy Maloletka
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O pedido de criação de um tribunal para apurar possíveis crimes de guerra foi anunciado após a descoberta de quase 450 sepulturas nas proximidades de Izium, cidade do leste da Ucrânia, retomada dos russos na semana passada. "No século XXI, ataques desse tipo contra a população civil são impensáveis e odiosos" afirmou o ministro tcheco das Relações Exteriores, Jan Lipavsky, no Twitter. "Somos favoráveis a que todos os criminosos de guerra sejam punidos", acrescentou. "Peço a criação rápida de um tribunal internacional especial que puna o crime de agressão", insistiu Lipavsky.

A República Tcheca, que já teve um regime comunista, integra a UE e a Otan. O país recebeu quase 400.000 refugiados ucranianos e forneceu ajuda militar de US$ 150 milhões à Ucrânia, invadida pela Rússia em 24 de fevereiro.

França condena "atrocidades"

Neste sábado, o presidente francês Emmanuel Macron condenou "nos termos mais fortes possíveis" o que considerou como "as atrocidades cometidas em Izium, na Ucrânia, sob ocupação russa", depois que centenas de corpos foram encontrados sumariamente enterrados perto da cidade, segundo Kiev. "Os perpetradores destas atrocidades terão de responder por suas ações. Não pode haver paz sem justiça", acrescentou o presidente francês, em um tuíte.

De acordo com as investigações, alguns corpos exumados em Izium tinham as mãos amarradas. Também foram encontrados corpos de crianças. "Há vários corpos com as mãos amarradas nas costas e uma pessoa está enterrada com uma corda no pescoço. Obviamente, essas pessoas foram torturadas e executadas", afirmou o governador regional, Oleg Synegoubov, no Telegram.

De acordo com o oficial de direitos humanos ucraniano, Dmytro Loubinets, "provavelmente mais de 1.000 cidadãos ucranianos foram torturados e mortos nos territórios libertados da região de Kharkiv".

O chefe da polícia ucraniana, Igor Klymenko, anunciou a descoberta de 10 "salas de tortura" em localidades retomadas aos russos na região de Kharkiv, incluindo seis em Izioum.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky denunciou os crimes de um Exército de "torturadores" depois que centenas de corpos foram encontrados sumariamente enterrados em uma região recuperada dos russos, incluindo os de pessoas "torturadas e executadas", de acordo com as autoridades locais.

O anúncio dessa descoberta macabra suscitou uma nova onda de indignação no Ocidente, pouco mais de cinco meses depois que o Exército russo, expulso das proximidades de Kiev, deixou para trás centenas de cadáveres de civis, muitos dos quais com vestígios de tortura e execuções sumárias, na localidade de Boutcha.

"O mundo deve reagir a tudo isso. A Rússia repetiu em Izium o que havia feito em Boutcha", disse Zelensky na mesma mensagem de vídeo, em que saudou o anúncio da ONU de que enviaria uma equipe ao local para participar da investigação.

Os Estados Unidos e a União Europeia também expressaram sua indignação, responsabilizando a liderança russa. "A Rússia, seus líderes e todos os envolvidos nas contínuas violações do direito internacional e do direito internacional humanitário na Ucrânia serão responsabilizados", disse o ministro das Relações Exteriores europeu, Josep Borrell, em um comunicado nesta sexta-feira.

Na quinta-feira, mesmo antes da descoberta das sepulturas e valas comuns de Izioum, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu o comparecimento do presidente russo Vladimir Putin perante a Justiça internacional.  

O presidente dos EUA, Joe Biden, alertou mais uma vez seu colega russo contra o uso de armas químicas ou nucleares na Ucrânia. Em uma uma entrevista à rede americana CBS, na noite de sexta-feira, Biden afirmou que "isso mudaria o curso da guerra, como nunca desde a Segunda Guerra Mundial". "Não faça isso, não faça isso, repetiu Biden, prometendo uma resposta "substancial" dos Estados Unidos se esse passo fosse dado.

(Com informações da AFP)

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