Morre aos 96 anos a rainha Elizabeth II, uma das monarcas mais longevas da história
Morreu nesta quinta-feira (8) a rainha Elizabeth II, aos 96 anos, em Balmoral, na Escócia, onde passava as férias de verão. Em nota oficial, o Palácio de Buckingham afirmou que a soberana, a mais longeva monarca da história do país, morreu tranquilamente. Ela estava ao lado dos filhos, que viajaram às pressas para a Escócia quando os médicos alertaram sobre seu estado de saúde.
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres
Às 12h20 desta quinta-feira, o palácio avisou que seus médicos estavam muito preocupados com a saúde da monarca, mas que ela estava confortável e descansando. No entanto, para quem está acostumado a nunca ter detalhes sobre a vida privada da família real, era o sinal de que o pior estava por vir e os quatro filhos da rainha Elizabeth II, assim como seus netos, príncipes William e Harry, foram rapidamente ao encontro da monarca.
Dois dias antes, a rainha aparecia sorridente nas imagens em que convidava a nova líder do partido conservador a formar um governo. Liz Truss e seu antecessor, Boris Johnson, foram recebidos por Elizabeth II. Logo em seguida o estado de saúde da rainha se deteriorou e o palácio avisou que ela não poderia comparecer a uma reunião virtual por Zoom.
Elizabeth II não foi para o hospital. Ela foi atendida por seus médicos particulares em casa. Especula-se que, além dos problemas de mobilidade com os quais vinha convivendo nos últimos meses, era teria outras condições que tornaram sua saúde ainda mais frágil.
The Queen died peacefully at Balmoral this afternoon.
— The Royal Family (@RoyalFamily) September 8, 2022
The King and The Queen Consort will remain at Balmoral this evening and will return to London tomorrow. pic.twitter.com/VfxpXro22W
Saúde de ferro
A monarca era conhecida pela saúde de ferro. Foram poucas as ocasiões em que necessitou de cuidados médicos até onde se sabe.
Mas a saúde da soberana era motivo de crescente preocupação desde outubro do ano passado, quando foi revelado que ela passou uma noite hospitalizada para ser submetida a "exames" médicos que nunca foram detalhados. Desde então, ela havia reduzido consideravelmente sua agenda, com aparições em público cada vez mais raras e sendo observada caminhando com dificuldade, com o auxílio de uma bengala.
Em junho, o Reino Unido celebrou com muita festa o Jubileu de Platina, o aniversário de 70 anos da chegada ao trono de Elizabeth II, que cada vez mais vinha delegando funções oficiais ao príncipe Charles. A soberana apareceu apenas duas vezes nas celebrações, brevemente, na sacada do Palácio de Buckingham para saudar as dezenas de milhares de pessoas reunidas no local.
O ano passado foi difícil para rainha, que perdeu o marido, o príncipe Philip aos 99 anos. Teve direito até a um invasor armado nos jardins do Castelo de Windsor, onde passou os últimos dois anos e meio. Ela e marido se mudaram para Windsor, seu endereço preferido. Foi onde se despediram e onde ela decidiu ficar desde então.
15 chefes de governo
Lilibeth, como era chamada pelo pai, o rei George VI, de quem herdou a coroa em 1952, aos 25 anos, tornou-se símbolo de força e estabilidade.
Nesses anos de reinado ela recebeu e conviveu com 15 primeiros-ministros, entre eles Winston Churchill (1940-1945 e 1951-1955) e Harold Wilson (1964-1970 e 1974-1976), que, especula-se, eram os seus preferidos. De lá para cá, viveu as crises políticas e econômicas — domésticas e internacionais — dos séculos XX e XXI, sem manifestar em público opiniões ou emoções.
Esta sempre foi a regra do jogo desta monarquia constitucional. Do palácio para fora, a realeza tem a difícil tarefa de permanecer neutra a questões mundanas. Nem por isso conseguiu se manter imune às críticas e ao julgamento da população. Do palácio para dentro, crises costumam ser contidas, sempre que possível, com discrição, para não arranhar a imagem da Casa Real.
Um novo rei
“Nós temos um novo rei”, anunciou Hue Edwards, apresentar da BBC em tom solene, vestido com paletó e gravata pretos, como dita o protocolo para esse tipo de situação.
Charles deve abrir um novo capítulo na história deste reino que se prepara para uma nova geração dos Windsor, em pleno século XXI, quando a própria ideia de soberanos que se sucedem parece cada vez mais anacrônica.
Sem o mesmo apreço dos súditos, terá o imenso desafio de ocupar o lugar de uma rainha que, por sete décadas, foi símbolo da estabilidade e unidade do país entre momentos de glória e muitas crises. Pesquisa do instituto Yougov do início do ano aponta a monarca como a figura mais popular do mundo. Charles ocupa modesta 11ª. colocação na mesma lista.
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