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"Tenho medo que o mundo nos esqueça", diz jovem ucraniana depois de seis meses de conflito

O aniversário de seis meses da guerra na Ucrânia está na capa dos principais jornais franceses desta quarta-feira (24). Entre os diários, um sentimento unânime: o temor de que o conflito se torne permanente.

Ucranianos em Malta participam de manifestação antes do Dia da Independência da Ucrânia e seis meses desde o início da invasão russa. Em Valletta, Malta, 23 de agosto de 2022.
Ucranianos em Malta participam de manifestação antes do Dia da Independência da Ucrânia e seis meses desde o início da invasão russa. Em Valletta, Malta, 23 de agosto de 2022. REUTERS - DARRIN ZAMMIT LUPI
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"A vida em guerra" é a manchete do jornal Libération, estampada com a foto de um jovem soldado ucraniano. Os enviados especiais do diário ao leste do país, onde a violência não dá trégua, abordam o cotidiano dos moradores de cidades que tiveram que aprender a viver sob os ataques

Em um editorial emocionado, Libé evoca a quantidade de mortes subestimadas no conflito. Kiev indica que perdeu 9 mil soldados, Moscou, mais de 1,3 mil, mas esses números nunca trazem o balanço de vítimas civis e "podem ser multiplicados por dez", afirma a publicação. Nesta batalha interminável, que também ocorre no campo midiático, para ganhar a simpatia da opinião pública, "quantas crianças ainda se tornarão órfãs?", pergunta o editorialista.

"Guerra na Ucrânia: o risco da permanência" é a matéria de capa do jornal Le Figaro. O diário destaca que, após seis meses de conflito, as forças ucranianas e russas se enfrentam em longos duelos de artilharia, mas não avançam mais, sem nenhuma perspectiva de fim para a guerra. 

Aniversário da independência

Le Figaro afirma que este 24 de agosto é duplamente simbólico, já que a Ucrânia comemora nesta quarta-feira o aniversário de 31 anos de sua independência da Rússia. "Mas a festa nacional não poderá ser celebrada", afirma a matéria, lembrando que todos os eventos de comemoração da data foram cancelados devido ao temor de bombardeios russos, principalmente após o assassinato da jornalista russa Daria Dugina, no último fim de semana.

O jornal La Croix publica que o FSB, serviço de inteligência da Rússia, precisou de menos de 48 horas para elucidar a explosão que causou a morte da filha de um célebre ideólogo próximo do Kremlin, Alexander Dugin. Apesar de a Ucrânia ter negado sua responsabilidade no ataque e de um grupo dissidente russo ter reivindicado a agressão, Moscou afirma desde segunda-feira (22) que a ucraniana Natalia Vovk, supostamente integrante do regimento de Azov e que teria fugido para a Estônia, é a autora do atentado.

No entanto, sublinha La Croix, as fotos divulgadas pelo FSB, que mostram a suspeita debaixo de um imóvel ou atravessando a fronteira russa, em nada provam seu envolvimento da morte de Daria Dugina. 

Esquecidos pelo mundo

O jornal Le Parisien estampa sua capa com uma idosa caminhando nos escombros de Kharkiv, no nordeste do país. "Tenho medo que o mundo nos esqueça" é o título desta matéria principal, que reproduz o depoimento de uma jovem ucraniana de 18 anos moradora de Butcha, palco de um massacre em março. Como muitos cidadãos da Ucrânia, Lisa afirma que não tem para onde fugir. 

Ao enviado especial do jornal à cidade, ela conta que parte de seus amigos foram embora para o oeste do país, outros para a Polônia que, em sua opinião, não aguenta mais refugiados. "Na Espanha, não falam mais sobre a gente. Os europeus pensam que a guerra está se acalmando", afirma. 

No entanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, garante que a França e a União Europeia continuarão ajudando a Ucrânia. "Estamos com vocês hoje e estaremos com vocês amanhã e depois de amanhã", prometeu o chefe de Estado francês, mas, segundo Le Parisien, "sem convencer nem um pouco Kiev". 

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