Gregos fazem greve em protesto contra fim de rádio e TV estatais
Uma greve geral paralisa a Grécia nesta quinta-feira em protesto contra o fechamento da rede pública de televisão ERT. A medida, anunciada de surpresa pelo governo na noite de terça-feira, provocou choque e revolta entre os gregos, e protestos em outros países europeus.
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Os transportes e os serviços públicos são os mais afetados pela greve geral relâmpago, que conta com a adesão de trabalhadores de vários setores. Em Atenas, os ônibus não circulam e as estações de metrô estão fechadas.
A paralisação foi convocada às pressas ontem, menos de 24 horas depois que os três canais públicos de TV saíram do ar. Várias passeatas estão previstas durante o dia e devem acabar em uma grande manifestação na porta da sede da ERT, a rede de televisão pública grega.
O governo do primeiro-ministro conservador Antonis Samaras surpreendeu a Grécia ao decretar o fim do grupo, na noite de terça-feira. De um minuto para o outro, os telespectadores viram o sinal desaparecer das telas dos televisores. O governo alega que o custo da ERT era muito alto e garante que uma nova estrutura, mais enxuta, será criada.
Com orçamento anual de 300 milhões de euros, cerca de 864 milhões de reais, a audiência da ERT beirava 13%. Dos 2.700 trabalhadores do grupo, sendo 600 jornalistas, o governo pretende reempregar na nova estrutura somente 1.200 pessoas. Os demais vão para a rua.
Para a oposição grega e os sindicatos, a decisão foi autoritária, um verdadeiro "golpe de estado" contra a população, que aprecia a TV pública e considera que ela é importante para a democracia.
Em toda a Europa, sindicatos e profissionais da mídia condenaram a medida e autoridades ficaram em uma situação incômoda, já que a União Europeia é um dos credores internacionais da Grécia que exige a demissão de milhares de funcionários públicos gregos para reduzir o déficit do país.
O desemprego na Grécia atinge 27% da população economicamente ativa. Desde o início da recessão, há seis anos, 850 mil empregos foram cortados no país, a maior parte no setor privado.
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