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Grécia/ crise

Após mea culpa do FMI, credores checam progressos da economia grega

Os dirigentes da chamada troika, formada pelos credores do empréstimo internacional à Grécia – União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) – chegaram hoje a Atenas para realizar a fiscalização regular das contas públicas gregas, a fim de manter os depósitos acertados. No final de semana, o FMI reconheceu que cometeu "erros consideráveis" no primeiro plano de resgate para a Grécia, há três anos.

Chegada de Poul Thomsen, economista do FMI que acompanha os progressos realizados pela Grécia.
Chegada de Poul Thomsen, economista do FMI que acompanha os progressos realizados pela Grécia. REUTERS/Yorgos Karahalis
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A reunião entre os alemães Matthias Mors (UE) e Klaus Masuch (BCE), o dinamarquês Poul Thomsen (FMI) e o ministro grego das Finanças, Yannis Stournaras, começou nesta manhã, na capital grega. O encontro precede a liberação de uma fatia de 3,3 bilhões de euros do empréstimo, desbloqueado pelo Eurogrupo em maio.

A visita da troika acontece em um momento de clara divergências entre os europeus e o FMI. Depois de meses de tensões nos bastidores, o FMI acusou, na quarta-feira, os dirigentes da zona do euro de terem demorado a tomar medidas radicais para diminuir a dívida grega e evitar o aprofundamento da crise no país, em 2010. Para o fundo, o empréstimo bilionário aos gregos deveria ter ocorrido em 2010, e não dois anos depois. Bruxelas discorda desta avaliação.

Mea culpa

O mal-estar continuou com o mea culpa do economista chefe do FMI, Olivier Blanchard, em uma entrevista à rádio France Inter, no último sábado. "Efetivamente, não foi o ideal. Perdemos provavelmente tempo", reconheceu o economista francesa respeito dos "erros consideráveis" no primeiro plano de resgate da Grécia há três anos.

"Com certeza, deveríamos estar dispostos a renegociar a dívida desde o início, a dar um pouco mais de ar à Grécia para que pudesse solucionar mais facilmente, mas no contexto europeu de então não existiam as condições", explicou. O FMI, afirmou Blanchard, defendeu uma reestruturação, ou seja uma redução do peso da dívida grega, mas os europeus eram taxativamente contrários porque temiam os efeitos de contágio a outros países.

Esta solução acabou se impondo um ano depois, mas não de forma decisiva, segundo Blanchard. "A dívida ainda é bastante elevada e isto tem consequências hoje, porque os investidores continuam contrários a emprestar dinheiro à Grécia", afirmou.

Ao falar sobre o fato do FMI ter subestimado o efeito das políticas de austeridade sobre o crescimento, reconhecido pela instituição, Blanchard disse que era um erro de apreciação. "Não há doutrina, nos baseamos na teoria, no que aconteceu em muitos outros países antes, e algumas vezes nos equivocamos", afirmou. Blanchard também atribuiu a falta de crescimento na Europa a um déficit de confiança que afeta o velho continente.

Depois de dois planos de ajuda sucessivos, em um total de 240 bilhões de euros, a Grécia, que adotou medidas de austeridade economia sem precedentes, permanece com uma dívida pública elevada e espera conseguir um alívio para o reembolso, a fim de voltar a ter autonomia de empréstimo nos mercados.
 

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