Fechamento de rede pública de tevê provoca revolta nos gregos
A decisão do governo grego de fechar a rede de televisão pública do país é o destaque principal da imprensa francesa desta quinta-feira. Os jornais repercutem as reações da população e denunciam um golpe contra a democracia
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Quem desligou a televisão ? questiona o jornal Libération ao comentar que o governo da Grécia e a União Europeia acusam-se mutuamente sobre a responsabilidade da decisão que chocou não apenas os gregos mas diversos países do bloco. O jornal lembra que uma das promessas de Atenas para receber ajuda financeira era de demitir 4 mil funcionários públicos. A decisão de fechar os três canais de tevê do grupo ERT foi tomada para agradar os credores do país?, pergunta o jornal. Em editorial, o Libé critica a medida considerada violenta e se solidariza com a emoção do povo grego após um ato brutal, decidido às escondidas e executado como um golpe de generais.
Assim como o Libération, o comunista L' Humanité também exibiu sua manchete em fundo preto, reproduzindo a tela de uma televisão desligada, para denunciar o que considera um ataque contra a democracia. O jornal faz uma cronologia dos fatos: segunda-feira a Comissão Europeia exige uma reestruturação do setor público, na terça-feira o governo decide sem qualquer aviso prévio, sacrificar a rede pública de televisão e hoje, em estado de choque, os sindicatos convocaram uma greve. Na Grécia surgiu o termo democracia e essa mesma democracia não emite mais nenhum sinal, diz o L' Humanité.
A greve convocada para hoje também ganhou destaque no Le Figaro. O jornal afirma em sua manchete que a Grécia volta a mergulhar numa tormenta após o fechamento de maneira brutal
do grupo audiovisual público ERT. O governo do primeiro-ministro Antonis Samaras grego está ameaçado por uma crise política após ter fechado os três canais de televisão para realizar economias, afirma o Le Figaro. Os gregos estão revoltados contra o "black-out", afirma o jornal que escreveu um editorial com o título: Samaras brinca com fogo.
O La Croix dedica sua reportagem principal ao escândalo provocado pela revelação de que o governo americano instalou um imenso sistema de vigilância sobre as contas de telefone e e-mails dos cidadãos. Para o jornal católico, o grande mérito dessas revelações é de trazer de volta o seguinte questionamento: até que ponto estamos dispostos a sacrificar boa parte de nossos dados pessoais e nossa liberdade individual em nome de uma maior garantia de segurança ? Será que estamos certos de viver sob controle permanente sem sermos devidamente informados? O La Croix chega à conclusão de que deve haver uma equilíbrio entre vida privada e necessidade de segurança mas não tem a fórmula para isso.
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