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Economia europeia

Ajuda bilionária é mal recebida pela imprensa da Irlanda

Jornais irlandeses reagem com fúria ao pacote do FMI e da União Europeia pedido pelo governo local para evitar um colapso do sistema bancário. Manchetes falam em "infâmia" e "rendição vergonhosa".

A Irlanda atravessa uma das piores crises dos últimos 70 anos.
A Irlanda atravessa uma das piores crises dos últimos 70 anos. Reuters
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Os analistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia que estão na Irlanda acertam nesta segunda-feira os últimos detalhes do pacote de ajuda financeira ao país, que deve chegar a 90 bilhões de euros, cerca de 210 bilhões de reais, segundo o primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen. Após várias semanas reticente em aceitar o empréstimo, o governo da Irlanda finalmente resolveu fazer o apelo neste domingo, apesar das críticas da população. Reunidos durante a noite, ministros das Finanças da União Europeia deram rapidamente um sinal positivo.

A imprensa é unânime em dizer que o pedido do governo é vergonhoso. Em resposta às manifestações contra o pacote, o ministro irlandês das Finanças, Brian Lenihan, garantiu que o país não está falido. Ele acrescentou que as instâncias internacionais estão globalmente satisfeitas com as novas medidas de austeridade, que devem ser oficialmente anunciadas nesta semana. O objetivo é reduzir o déficit orçamentário em 15 bilhões de euros nos próximos quatro anos, ficando abaixo dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Bruxelas quer evitar risco de contaminar Portugal, Espanha e Itália

Os organismos internacionais tiveram que ser acionados para garantir a estabilidade financeira do bloco europeu e da zona euro e, assim, evitar um contágio da crise bancária para outras economias mais frágeis, como as de Portugal, Espanha e Itália.

Os empréstimos do bloco europeu e do FMI - que serão fornecidos ao longo de três anos – deverão estar condicionados a uma série de exigências. Entre elas, a criação de novos impostos sobre propriedade e fortuna, a nacionalização dos bancos, cortes no salário mínimo e nos gastos sociais, como o abono de família, e apoio aos desempregados.

Este é o segundo socorro financeiro para um país da zona do euro em menos de seis meses. Em maio, a Grécia negociou um pacote de 110 bilhões de euros. Segundo analistas, os fatores que provocaram as crises da Grécia e da Irlanda são diferentes. Enquanto a bancarrota de Atenas é creditada à irresponsabilidade fiscal e à corrupção do setor público, no caso de Dublin, a culpa recai sobre a imprudência do setor bancário.

Há dias, a Irlanda vem resistindo às pressões dos credores internacionais e garantindo ter condições de arcar com o financiamento de sua dívida, até meados de 2011. Após justificar a mudança radical de seu discurso, o ministro das Finanças irlandês afirmou que os detalhes do acordo serão divulgados nos próximos dias. Os governos da Grã-Bretanha e da Suécia também se mostraram dispostos a fazer empréstimos adicionais ao país.

Colaboração da correspondente da RFI em Bruxelas, Letícia Fonseca.

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